Médicos residentes e especializandos em oftalmologia do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR vão suspender os atendimentos ambulatoriais eletivos e cirurgias por tempo indeterminado a partir da próxima quarta-feira (5/12). A decisão foi tomada ontem de manhã, em assembleia, para pressionar a direção do hospital a negociar a pauta de reivindicações apresentada há cerca de seis meses. O HC informou que não foi comunicado oficialmente da paralisação, que vai cancelar uma média de 150 consultas e três procedimentos cirúrgicos por dia.
O principal pedido é o aumento do número de cirurgias por estudante para garantir a qualidade na formação como especialistas. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e o Ministério da Educação (MEC) preconizam 50 procedimentos por ano por profissional. “Hoje o hospital não atinge nem 20 por residente, porque o centro cirúrgico ambulatorial, reformado este ano com dinheiro público, foi fechado por falta de funcionários”, relata o médico Aécio Yoshikazu Oshiro, residente em oftalmologia do HC. Segundo ele, há médicos e professores, mas faltam enfermeiros e técnicos de enfermagem. Como os oftalmologistas passaram a operar no centro cirúrgico geral, o número de cirurgias diárias caiu de 16 para três.
De acordo com Oshiro, o problema é que o HC presta um serviço terciário. “Para o paciente conseguir uma consulta, passa pelo médico do posto de saúde perto de casa, que encaminha geralmente para um centro de especialidades. Até conseguir uma consulta no HC, a espera é de 6 meses a 2 anos. E quando chega, o centro cirúrgico não funciona”, conta. Em função dessa dificuldade, o médico informa que muitos exames pré-operatórios vencem e o problema de visão não é solucionado. “As cirurgias precisam ser feitas o quanto antes. Quanto mais tempo esperar, piora o quadro”, aponta.
A greve foi decidida por unanimidade dos 18 profissionais residentes do HC. O Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) está enviando comunicados de greve ao Ministério Público, direção do HC e Reitoria da UFPR.