Depois de passar por transformações históricas, reformas gráficas e tecnológicas ao longo dos últimos 60 anos, o jornal O Estado do Paraná entra agora definitivamente na era da internet. Com esta última edição impressa, a partir desta semana a equipe do jornal vai se dedicar à produção exclusiva para a internet, cujo conteúdo ficará disponível no site www.oestadodoparana.com.br.

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A decisão partiu do diretor-presidente da empresa, Paulo Pimentel, seguindo as tendências do mercado das comunicações. Antenado às novas tecnologias, Pimentel avisa que pretende fazer um jornal melhor e com mais agilidade.

Paraná Online – Por que migrar O Estado do Paraná, com 60 anos de existência, exclusivamente para a internet?

Paulo Pimentel – O mundo evoluiu, a comunicação evoluiu mais ainda. A mídia impressa se tornou superada, porque o tempo da notícia divulgada pela mídia impressa chega com muito atraso ao leitor. A notícia divulgada pela linha online chega rapidamente ao leitor e pode ser atualizada a qualquer instante. É praticamente instantânea em todas as partes do mundo. Como a mídia impressa vai competir com esse sistema tão rápido de transmissão da notícia? Não há nenhuma possibilidade. E o custo se torna cada vez mais elevado. O jornal impresso depende da chapa, da tinta, do papel, do barbante, do empacotamento, do transporte. Isso tudo está ficando no passado. O presente é a transmissão da notícia rapidamente, com todas as facilidades, com fotos, gráficos e charges em qualidade excepcional e riqueza de detalhes, além da possibilidade de atingir um público maior. Nós temos, por exemplo, um índice alto de acessos do nosso site, o Paraná Online (www.paranaonline. com.br), no Japão, de paranaenses que lá trabalham e que têm interesse em receber notícias da sua gente, de seu Estado.

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Pron – Nesta semana, a empresa News Corp., do magnata das comunicações Rupert Murdoch, lançou o primeiro jornal digital exclusivo para iPad, que ele acredita ser o caminho para a mídia impressa. Na análise do senhor, os investimentos agora devem ser focados na internet?

PP – Vamos nos concentrar no anunciante para a busca de recursos e o acesso livre vai nos dar apoio para aumentar o número de acessos e, com isso, elevar o número de anúncios. Quem vai pagar o custo será o anunciante, não o leitor. Eu não pretendo cobrar pelo conteúdo que produzirmos, como o Murdoch vai cobrar. Por enquanto, em termos de recepção extra-iPad é difícil cobrar na internet. Se todos cobrarem, é uma história. Se só uma parte cobrar, o internauta vai para onde tiver a notícia de graça. Não vale a pena cobrar.

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Pron – Haverá cortes de pessoal da redação, com o fim do jornal impresso?

PP – Não pretendo mexer na redação, não quero reduzir o pessoal, pelo contrário. Queremos chamar mais gente competente. Se a nossa equipe funcionar com entusiasmo, nós vamos fazer um grande jornal e mostrar que o futuro é esse que o Murdoch está mostrando. Ele sempre foi um revolucionário e está entrando numa fase nova, onde os outros ainda estão titubeantes.

Pron – Os jornais impressos estão mesmo fadados ao desaparecimento?

PP – Os jornais populares vão ter uma sobrevida mais longa, embora eu não seja capaz de prever a velocidade dos acontecimentos. Mas os jornais chamados de elite tendem a serem substituídos pela mídia online. Agora, os que vão permanecer são, evidentemente aqueles ligados a uma rede de televisão poderosa, como é o caso da Rede Globo. Isso não quer dizer que os jornais vão morrer, eles não caminham para a extinção, mas para uma transformaç&a,tilde;o. Não vou fechar O Estado do Paraná. Se eu fosse fechar, iria mudar de nome. Quero fazer um O Estado do Paraná dentro da linha moderna de comunicação, que é o jornal online.

Pron – Pessoalmente, o que o senhor acha dessa nova mídia que na última década interferiu em todos os demais meios de comunicação?

PP – Eu tenho insônia na madrugada. Pego meu computador e fico lendo as notícias na internet. No Paraná Online, no Estadão, nas revistas. E é isso que as pessoas querem fazer hoje. As possibilidades de êxito na internet são imensas.

Pron – Em seus 60 anos, O Estado fez coberturas históricas e também enfrentou muitas adversidades. Em algum momento o senhor pensou em desistir?

PP – Não. Cada dificuldade – e elas foram imensas – como o corte quase que total de publicidade, interferência direta da ditadura militar sobre os anunciantes, foi superada. A história de O Estado é uma história sensacional e agora vai continuar na internet.

Jornal digital é tendência mundial

Luciana Cristo

O anúncio desta semana da empresa News Corp., do magnata das comunicações Rupert Murdoch, de lançar o primeiro jornal digital exclusivo para iPad, o The Daily, pode ser o começo de uma nova tendência das empresas de comunicação, que há tempos vem tentando acompanhar as notícias em tempo real para um público cada vez maior e ávido por rapidez e facilidades. Segundo afirmações da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgadas há poucas semanas, um a cada três habitantes do planeta já tem acesso à rede, o equivalente a 2 bilhões de internautas.

O jornal de Murdoch será vendido exclusivamente pelo iTunes, a loja virtual da Apple, ao custo de 99 centavos de dólar por semana. De acordo com a empresa, as notícias serão enviadas automaticamente ao iPad do assinante todas as manhãs. A ideia é investir em conteúdo facilitado para a tela tátil do iPad, com gráficos interativos, vídeos e fotos.

Para dar fôlego à nova empreitada, Murdoch recrutou cerca de cem profissionais para trabalhar no The Daily, incluindo jornalistas veteranos de publicações tradicionais como New Yorker, Forbes e New York Post. O investimento para o primeiro ano do jornal para o iPad é de R$ 30 milhões.

Além de Murdoch, outras iniciativas exclusivas para iPad despontam. Há dois meses, uma aposta britânica lançou uma revista mensal de estilo e cultura desenvolvida para a nova tecnologia, chamada Project.

Segundo o departamento de telecomunicações da ONU, 57% dos internautas estão em países em desenvolvimento. O crescimento do número de conectados foi motivado pelas regiões da Ásia e do Pacífico, sobretudo por causa da China, que está com mais de 100 milhões de usuários. O acesso à rede cresce mais rapidamente entre a nação árabe e entre países ex-integrantes da União Soviética. Nos países árabes, a quantidade de internautas dobrou nos últimos cinco anos, atingindo a marca de 88 milhões.

Transição que leva à evolução

Cintia Végas

Assim como sempre aconteceu com o jornal impresso, a versão online de O Estado do Paraná será recheada de conteúdo. No endereço www.oestadodoparana.com.br, o público terá acesso a reportagens atualizadas de economia, política, cidades, cultura, esportes e turismo. No futuro, um espaço também será destinado à área de serviços, com dicas de cinema, teatro, jogos e programação de televisão.

“Todo conteúdo será gratuito aos usuários da internet”, diz a diretorageral do GPP, Vera Lúcia Lunardelli Pimentel. “A versão online do jornal não é o fim de O Estado, mas uma trans,ição que leva à evolução. Representa uma nova maneira de encarar o jornalismo. Não haverá limites para a criatividade de nossos jornalistas”.

Na versão online, também serão mantidos editoriais diários e o caderno Direito e Justiça, suplemento jurídico do jornal que se destaca pela variedade temática e serve de roteiro para o exercício da reflexão dos trabalhadores forenses e estudiosos. Já o caderno Mais Saúde poderá ser acessado pela internet e também na versão impressa, passando a ser disponibilizado como suplemento da Tribuna, mantido pelo Grupo Paulo Pimentel.

“Também vamos privilegiar bastante a participação dos internautas, através de enquetes e do mural do leitor. Eles também vão poder enviar notícias, fotos e vídeos”, afirma o coordenador de redação online do GPP, Adriano Naressi Vieira. “Como a internet é veloz e está sempre se transformando, a versão online não é a última de O Estado. Sempre que surgir uma nova tecnologia ou ferramenta, ele vai estar se adaptando a ela”.

Segundo Adriano, o site de O Estado do Paraná foi desenvolvido com um dos mais modernos layouts, seguindo a tendência dos principais sites de informação do mundo. Nele, o internauta irá poder visualizar uma grande quantidade de imagens de tudo de principal que estiver sendo noticiado. “Com o jornal impresso, o leitor tinha uma edição de O Estado a cada dia. Com o online, terá várias edições a cada dia”.

Mais espaço no mercado publicitário

Cintia Végas

No mercado publicitário, a internet vem ganhando cada vez mais espaço e mesmo assumindo papel de protagonista. Nos últimos anos, diversas marcas têm iniciado suas campanhas na web antes de veiculá-las em mídias tradicionais, como jornais impressos, revistas, rádios e canais de TV.

“Muitos anunciantes ainda não sabem exatamente como a internet funciona, mas sabem que ela é o caminho para o futuro. Alguns não têm certeza sobre onde e quanto devem investir, mas têm consciência de que precisam destinar uma parte de seus recursos na mídia online”, diz o diretor comercial do Grupo Paulo Pimentel, Rafael Tavares. O uso da internet como ponto de partida para campanhas publicitárias, segundo especialistas, começou a ganhar força com a popularização de redes sociais. Hoje, a criatividade dos publicitários não tem limite. Eles têm criado estratégias específicas para chamar a atenção do público online e investido na exibição de anúncios nos horários em que sabem que o público-alvo estará mais conectado.

“Prova do interesse crescente pela internet é que muitas empresas têm se preparado e contratado profissionais específicos para trabalhar com esta mídia”, comenta Tavares.

De acordo com o diretor comercial, os resultados são ainda melhores quando são criadas ações conjuntas entre todas as mídias. A forma como as empresas têm falado com seus consumidores também segue uma estratégia de integração. “No Grupo Paulo Pimentel, os clientes irão poder anunciar, em conjunto, no jornal impresso (Tribuna do Paraná) e na internet. Esta é uma vantagem que temos para oferecer às empresas e ao mercado publicitário. Trabalhos têm demonstrado que os resultados são maiores quando as mídias estão juntas”.

Conforme a Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio, que acaba de ser lançada pela Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR), no segundo semestre do ano passado, a internet foi o segundo meio mais eficiente para veiculação de propagandas no Estado.