Espera angustiante

Número de desaparecidos na capital é preocupante

De janeiro a setembro deste ano, a Delegacia de Vigilância e Capturas (DVC) registrou o desaparecimento de 439 pessoas com mais de 12 anos de idade em Curitiba. De adolescentes a pessoas mais idosas, os casos são variados e trazem diferentes histórias e dramas das famílias que ficaram à espera da volta dos seus parentes.

Responsável pela DVC, o delegado Hormínio de Paula Lima Neto conta que, entre os jovens, os casos mais recorrentes de desaparecidos estão ligados às drogas. Já de 12 a 17 anos, os casos de mulheres desaparecidas são mais frequentes. “Sempre há uma motivação para o desaparecimento. São jovens que têm brigas familiares por motivos banais e até causadas pelo uso de drogas. Além desses motivos, brigas entre namorados e pessoas com problemas mentais também são casos comuns que encontramos”, revela.

Fernanda de Jesus Oliveira, 35 anos, desapareceu no dia 19 de outubro. Segundo sua cunhada, a dona de casa Ana Maria Teixeira de Oliveira, 50 anos, essa foi a primeira vez que Fernanda desapareceu e não deu notícias. “Das outras vezes, ela procurava o marido e ele sempre entrava em contato conosco informando quem estava com ela”, conta. Ela tem dois filhos, de 11 e 16 anos, e a mãe, que tem problemas cardíacos, estava vivendo à base calmantes até ela ser encontrada, anteontem.

Fernanda ficou internada 36 dias em uma clínica de dependentes químicos, em maio deste ano, mas não deu sequência ao tratamento. Além desse problema, ela toma remédios controlados e a falta desta medicação poderia ter motivado o desaparecimento. No último sábado, deu entrada no Hospital do Trabalhador, em Curitiba, com suspeita de fratura no pé. “Ela estava em surto. Pegou uma carona em um caminhão e, quando foi saltar do caminhão, machucou o pé”, disse. Durante o tempo em que ficou desaparecida, Fernanda comentou que foi assaltada em Santa Catarina. A cunhada informou que ela retomou o tratamento psiquiátrico e está refazendo todos os documentos que foram levados pelos assaltantes.

Idosos são maioria

No caso de pessoas mais velhas, o delegado da DVC admite que a maioria dos desaparecidos são idosos com problemas de memória e que sofrem de mal de Alzheimer. “Em relação às pessoas que estão com capacidade mental comprometida, nosso trabalho fica muito difícil. Pedimos nesses casos que a população procure a DVC ou qualquer autoridade quando encontrarem pessoas nesse estado”, explica.

Mesmo com o alto número de desaparecidos em Curitiba neste ano, que chega à média de 48 pessoas por mês, o delegado afirma que a divulgação nas redes sociais tem sido indispensável no auxílio ao trabalho dos investigadores da DVC. “Sempre pedimos aos familiares para que postem nos seus perfis a notificação do desaparecimento. Esta está sendo uma ferramenta indispensável para conseguirmos êxito no nosso trabalho”, reforça.

Desaparecida desde 13 de setembro, Kely Cristina da Silva, 19 anos, foi encontrada no dia 26 de outubro por policiais da DVC. A jovem estava trabalhando em uma cidade da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) como babá. A família foi avisada e ela voltou para casa.