Nada de solidão

Novos relacionamentos na terceira idade

Iniciar um novo relacionamento afetivo não é privilégio dos jovens. Cada vez mais, os idosos – cujo dia nacional é comemorado hoje – estão dando um basta à solidão e namorando como nos tempos da adolescência. A diferença é que os casais formados na terceira idade geralmente convivem com menos cobranças e, em menos tempo, desenvolvem uma cumplicidade maior.

“Na maioria das vezes, os idosos buscam um novo relacionamento afetivo com o único objetivo de estar junto de alguém. Geralmente são pessoas viúvas ou separadas que já tiveram filhos e netos, e que querem apenas dar e receber carinho”, diz a psicóloga da Saver Saúde e Bem-Estar, que realiza trabalhos direcionados à terceira idade, Jussara Strugale.

Segundo ela, o amor e a manutenção de uma vida sexual ativa após os 65 anos contribui com a saúde física e mental. Segundo Jussara, os idosos que namoram têm menos chances de desenvolver depressão, pois se sentem menos solitários; se tornam mais vaidosos, passando a cuidar mais da própria aparência e mesmo da saúde; e se envolvem mais em atividades sociais, sentindo-se mais felizes.

Entretanto, nem tudo são flores na vida dos idosos que buscam novos relacionamentos amorosos. Muitas vezes, eles não encontram apoio e incentivo na família para manter o namoro.

Convivem com o ciúme de filhos e netos mesmo com o receio deles de que a relação possa lhes gerar algum prejuízo emocional ou mesmo financeiro. Nessas horas, precisam ter bastante autonomia e confiança para tocar em frente a própria vida.

“Geralmente o receio dos filhos e netos é inicial. Quando eles percebem que o idoso está mais feliz e saudável, acabam aceitando a relação e mesmo apoiando-a”, explica.

Muitas namoradas

O militar aposentado Bronislau Bech, de 72 anos, ficou viúvo há três. Entretanto, a morte da esposa não foi motivo para que ele deixasse de aproveitar a vida e ter relacionamentos afetivos. Ele conta que nos últimos anos já teve diversas namoradas, mantendo com elas grandes vínculos de afeto e amizade.

“Os homens e mulheres têm necessidade de companhia. Hoje, tenho mais liberdade para namorar. Viajo, faço academia, participo de coral e de oficinas de dança. O namoro me traz muitos ensinamentos”, conta.

Pai de oito filhos, Bronislau também revela que eles sempre o apoiaram em seus relacionamentos, nunca sentiram ciúmes e sempre o incentivaram a ter uma vida ativa. “Nos comunicamos muito bem e eles nunca me censuraram.”