Reinaugurada oficialmente na manhã de ontem, a Avenida Iguaçu, em Curitiba, não está a salvo de polêmicas. De um lado, comerciantes alegam que o prejuízo gerado durante as obras é irrecuperável; de outro, moradores elogiam a iniciativa e apontam melhorias ao longo da via.
“Nossa expectativa é que as obras melhorem a avenida”, comenta Eduardo Castillo, dono da Requipal ? estabelecimento que comercializa equipamentos médicos. Segundo ele, como se trata de uma loja especializada, a queda no movimento não foi tão grande. Ele critica, no entanto, a falta de estacionamento em frente ao seu estabelecimento. “Antes, havia vagas, mas com a reforma tiraram todo o estacionamento e isso acabou nos prejudicando. Depois que pedimos, deixaram que os carros estacionassem, mas com o pisca-alerta”, conta. Outro problema apontado por Castillo é a forma como foi feito o pavimento de concreto. “Sou sempre a favor de melhoras, mas não havia necessidade de derrubar toda a base de antes”, opina.
O comerciante Marco Solomon, proprietário da Papelaria Presentes, também critica a parte técnica da reforma. “Colocaram concreto, mas do jeito que fizeram não vai durar nada”, reprova. “Quero ver quando começarem a passar os ônibus.” Outra crítica é com relação às árvores da avenida. “A prefeitura deveria podá-las para clarear a via.” Solomon acredita que, no período das obras, o movimento tenha caído em 60%.
Totalmente contrário às reformas está o comerciante Luiz Carlos Bonaroski, dono de uma lanchonete na Iguaçu. “Só deram prejuízo até agora. Houve dias em que a loja ficou sem acesso algum, tanto pela calçada como pela rua”, aponta. Segundo ele, o movimento caiu 80%. “É um prejuízo que nunca mais se recupera. Vamos ter o trabalho de reconquistar os clientes, porque muita gente acabou procurando outros lugares durante as obras.” Para Bonaroski, o investimento foi inútil e o dinheiro gasto na reforma poderia ser aplicado em outra área.
Moradores
Se as obras não agradaram aos comerciantes da região, os moradores por sua vez têm só elogios a fazer. “O asfalto tinha mesmo de ser substituído. Além disso, canalizaram o gás, refizeram o canal pluvial, o paisagismo ficou bem bonito”, elogia o aposentado João Luiz Stancick, de 54 anos, morador da Iguaçu há dez anos. Seu amigo Joel Caetano, 70, também aposentado, concorda. “Ficou muito melhor agora, sem dúvida.” Para Felipe Schaab Junior, 75 anos, a reforma beneficiou principalmente quem mora na região. “Moro aqui há vinte anos, sempre caminho pela calçada. Só acho que a Prefeitura deveria colocar placar alertando que essas pistas são calçada, restritas aos pedestres, e não ciclovias.”
Via liga o Rebouças à Cidade Industrial
Na cerimônia de reinauguração, o prefeito Cássio Taniguchi afirmou que a Iguaçu consolida uma das principais ligações entre regiões da cidade. “Podemos sair do bairro do Rebouças e chegar à Cidade Industrial.”
Cerca de 2 mil pessoas participaram da caminhada que marcou a reinauguração da avenida. Por causa da festa, a Iguaçu ficou completamente bloqueada das 6h às 16h entre a Rua Castro Alves e a Avenida República Argentina.
Entre a Avenida República Argentina e a Castro Alves, equipes da Prefeitura organizaram barraquinhas de venda de quitutes e roupas, de orientação nutricional, espaço para avaliações de saúde e brincadeiras infantis. Dezesseis voluntários do Empório Metropolitano fizeram um desfile com roupas produzidas por colegas ? maquiados e penteados por profissionais que participaram dos cursos do Linhão do Emprego. Além disso, havia quatro barracas de roupas, artesanato e quitutes vendidos pelo Empório Metropolitano.
A criançada se divertiu com brinquedos e jogos gigantes, montados pela Secretaria do Esporte e Lazer. Os pequenos também puderam mostrar seus dotes artísticos fazendo pintura no chão, um pouco antes de assistir ao espetáculo de fantoches do Grupo Giramundo.
A nova Avenida Iguaçu teve o pavimento feito com 6,8 mil metros cúbicos de concreto, garantido por pelo menos 25 anos sem precisar de manutenção.
Nos trechos mais largos das calçadas, cerca de 72 mil mudas de flores foram plantadas. A nova iluminação da pista de caminhada, entre as ruas Pasteur e Castro Alves, tem 114 postes, mais baixos. Enquanto os convencionais têm 12 metros, estes têm 5 metros de altura proporcionando uma iluminação direcionada.