Membros do MST promoveram ato público
no monumento Antônio Tavares.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, José Damasceno, afirmou ontem que as ocupações de fazendas no Paraná não estão descartadas, apesar do bom relacionamento que o movimento tem com o governo estadual. “As ocupações de terra vão continuar neste País, caso o governo não tome nenhuma medida para acelerar a reforma agrária, que está parada”, disparou. “A ocupação é um instrumento de luta que deu origem ao MST e vai continuar sendo a principal ferramenta de luta.”

Cerca de 1,5 mil sem-terra fizeram uma manifestação na manhã de ontem na BR-277, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, para lembrar a morte do assentado Antônio Tavares da Silva, em 2 de maio de 2000, por um tiro disparado por um soldado da Polícia Militar, que foi inocentado. O ato foi acompanhado também por integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O bispo auxiliar de Curitiba e vice-presidente da CPT, dom Ladislau Biernaski, discursou pedindo a mobilização da sociedade para exigir a reforma agrária. “O governo prometeu a reforma agrária e criou tanta esperança no povo brasileiro mas já se passou um ano e está muito devagar”, lamentou. Segundo ele, antes que os agricultores percam a paciência é preciso que a sociedade se organize e exija a reforma. “Tem que dizer que nós estamos com o governo, que ele faça (a reforma agrária) sem medo, pois isso é urgente para acabar com os conflitos no campo e a violência nas cidades”, pediu o bispo.

Reunião

O MST do Paraná está reunido em Curitiba para debater os rumos da reforma agrária no Estado e no Brasil. A Jornada de Luta pela Reforma Agrária acontece até a próxima sexta-feira, no Marumby Expocenter, em Curitiba. A jornada é em abril por ser o mês consagrado à luta pela terra no mundo todo. Segundo Roberto Baggio, também coordenador do MST, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) tem o maior orçamento de toda a história para ser destinado à reforma agrária, mas o processo está emperrado. “Há dinheiro, há vontade política, mas o processo está amarrado por uma série de normas e leis feitas na gestão Fernando Henrique Cardoso”, afirmou, destacando que a estrutura do Incra também é insuficiente para realização da reforma. “Hoje o Incra só tem 5 mil funcionários. Já chegou a ter 12 mil. Precisamos motivá-los a trabalhar e eliminar todos os trâmites burocráticos que impedem a agilidade na reforma”, salientou. “Na quinta-feira vamos conversar com representantes dos governos estadual e federal sobre nossas idéias de reforma agrária”, revelou Baggio.

Ele destacou que no Paraná existem entre 12 e 15 mil famílias lutando por um pedaço de terra. No Brasil são duzentas mil famílias acampadas. “São mais de um milhão de pessoas lutando pela reforma agrária. É a maior mobilização ao mesmo tempo da história”, revelou. Baggio disse que o movimento ainda acredita que as metas estabelecidas pelo governo federal serão cumpridas.

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