MST denuncia roubo de madeira na Araupel

Os sem-terra que ocupam há uma semana a Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, fizeram ontem uma denúncia à Polícia Militar local. Conforme o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um grupo de 80 famílias acampado dentro da fazenda, na divisa com o assentamento Ireno Alves, além de pequenas madeireiras, estão roubando madeira da Araupel. “O grupo do Preto não tem nada a ver com o MST. Estamos denunciando para depois não dizerem que o movimento está roubando madeira. Nosso objetivo, todos sabem, é terra”, disse Adélson Schwalemberg, um dos líderes do acampamento.

As famílias permanecem no local invadido. A justificativa dos sem-terra é que eles só sairiam quando receberem lonas, alimentos e infra-estrutura – como transporte e luz -, conforme o acordado entre o movimento e a ouvidora-adjunta da Ouvidoria Agrária Nacional, Maria de Oliveira. “Assim que isso chegar nós saímos. Deve ser na semana que vem devido à burocracia para se comprar esse material”, comentou o líder do MST.

Avanços

As estradas que estavam fechadas pelo MST dentro da Fazenda Araupel foram liberadas ontem. “Há cerca de vinte máquinas agrícolas na área onde estamos. Fizemos um acordo e amanhã (hoje) à tarde funcionários da fazenda irão buscar”, contou Schwalemberg, destacando que o movimento firmou acordo com a PM para que tanto os sem-terra quanto funcionários da Araupel circulem normalmente pela fazenda sem sofrer ameaças.

Segurança

O presidente do Sindicato dos Vigilantes do Paraná, João Soares, enviou nota à imprensa questionando o fato do Sindicato Nacional dos Produtores Rurais (Sinapro) ter divulgado que iria contratar empresas de segurança para coordenar ações de defesa contra invasões de terra em todo País. A preocupação é quanto à qualidade dos chamados seguranças. “O sindicato, visando a preservar vidas e buscar meios pacíficos para melhor dirimir o problema da reforma agrária, não pode compactuar com a idéia de contratação de pessoas não qualificadas para desempenhar funções específicas onde a vida do ser humano está em jogo”, diz a nota.

Reunião no Rio Grande do Sul

Mais um passo para resolver o problema em Quedas do Iguaçu foi dado na tarde de ontem em reunião realizada entre o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e os principais acionistas da Araupel, em Porto Alegre. Cassel deixou o Distrito Federal rumo ao Rio Grande do Sul para iniciar uma negociação com os proprietários da empresa e tentar convencê-los a ofertar uma parte da fazenda-as áreas agriculturáveis (cerca de 30 mil hectares) – para implantação de um assentamento na região, outro item firmado na quinta-feira no acordo com o MST. O procurador-geral do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Carlos Frederico Marés, não pôde participar da reunião. As negociações terão continuidade na semana que vem.

Cerca de 26 mil hectares da fazenda já foram desapropriados para criação do assentamento Ireno Alves dos Santos, onde vivem cerca de 1.500 famílias. De acordo com a ouvidora-adjunta da Ouvidoria Agrária Nacional, o governo federal deverá agilizar o processo de reforma agrária no Paraná no segundo semestre. “E a área da Araupel é uma emergência para o governo federal”, destacou Maria de Oliveira. Segundo ela, no primeiro semestre, a Ouvidoria esteve fazendo uma revisão em áreas que podem ser disponibilizadas para assentamento.

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