Para cobrar agilidade na reforma agrária no Paraná, cerca de 200 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) chegaram ontem à superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Curitiba.

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A pauta de reivindicações foi entregue novamente ao Incra, pois o movimento reclama que desde julho, quando as exigências foram entregues pela primeira vez, nada foi feito.

A insatisfação dos trabalhadores continuou mesmo após a reunião de ontem. “Saímos descontentes dessa reunião, pois não atingimos os nossos objetivos”, reclamou um dos coordenadores regionais do MST, Luiz Alonso Sales.

Durante o encontro com os trabalhadores, a superintendente do Incra no Paraná, Cláudia Sonda, disse que a autarquia encontra obstáculos para obtenção de áreas no Estado.

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“O arcabouço legal para aquisição de áreas não é adequado para o Sul do País. As aquisições de áreas sob forma de desapropriação esbarram na aferição de produtividade, que trabalha com índices de 1975, e as aquisições sob forma de compra estão com preços maiores do que o Incra é autorizado a pagar”, justificou.

O Incra alegou que das diversas vistorias de áreas, poucas são revertidas para desapropriação. Neste ano, foram vistoriadas mais de 90 áreas. Dessas, apenas seis foram classificadas como improdutivas.

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Entre as reivindicações, o MST pede o assentamento das 7 mil famílias acampadas no Estado e que o Incra cobre do governo federal a desapropriação ou compra da Fazenda Variante, em Porecatu, norte do Estado, onde foram encontrados, em agosto, trabalhadores em situação análoga a de escravidão. Desde o dia 1.º de novembro, a fazenda está ocupada pelo MST.

O Incra informou que a área já foi vistoriada e que, para a aquisição da fazenda por irregularidades trabalhistas, o processo deve ser conduzido por uma força-tarefa entre Polícia Federal e Ministério Público (MP). Na lista do movimento também constam pedidos de ampliação de investimentos em educação e infra-estrutura nos assentamentos.

Cascavel

Nesta semana, as famílias do MST e o dono da fazenda São Domingos, em Cascavel, chegaram a um acordo informal para a retirada da madeira do local, autorizada ao proprietário pelos órgãos ambientais. Mesmo com reintegração de posse já determinada pela Justiça, a ordem ainda não foi cumprida e o MST continua na fazenda.

 “A discordância sobre a área continua entre as partes, mas houve possibilidade de fazer esse acordo com intervenção da Polícia Militar e do MP para tentar minimizar o risco de conflito na região”, afirmou o promotor Carlos Alberto Choinski.