MST bloqueia PR-662 para pressionar o Incra

Cerca de 80 famílias do Movimento dos Sem Terra (MST) bloquearam ontem a PR-662 entre a cidade de Foz do Jordão e Reserva do Iguaçu das 5h30 da manhã até as 14h. Eles exigem a liberação de cestas básicas e que o Incra acelere o processo de assentamento na Fazenda Coqueiros, pertencente à empresa Trombini Florestal. Além disto, querem que as investigações sobre a morte do sem-terras Paulo Sérgio Brasil, morto a tiros no ano passado em um confronto com seguranças da fazenda, ganhem mais agilidade.

Segundo o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná, Celso Lacerda, os trabalhadores sempre receberam a cesta básica e o serviço vai continuar sendo prestado. Até o fim desta semana os suprimentos devem chegar ao grupo. A cesta não é mensal e vem da Companhia Nacional de Abastecimento, sendo apenas distribuída pelo órgão. Já a questão do assentamento é mais complicada. A vistoria na propriedade ainda não começou a ser feita. Foi interrompida em outubro do ano passado depois do confronto armado que resultou na morte do agricultor. Os proprietários da fazenda conseguiram na Justiça a reintegração de posse. Os sem-terra, embora acampados na beira da estrada estavam preparando a terra para o plantio.

Lacerda explica que a procuradoria do órgão está estudando se o fato de os sem-terras terem entrado na área para plantar caracterizaria a invasão de terra. Neste caso, uma medida provisória paralisa por dois anos as vistorias em locais invadidos. Segundo Lacerda, nos próximos dias a conclusão deve estar pronta. Mesmo assim se a vistoria puder ser realizada, ele estima que seria muito complicado para o Incra conseguir a fazenda. “Há áreas de reflorestamento e encareceria a compra”, fala.

Lacerda fala que o processo da Fazenda Trombini ficou parado, mas o Incra continuou com o trabalho e este ano já foram assentadas 1.300 famílias, sendo que o número deve chegar a três mil até o fim do ano. De acordo com o superintendente, não há possibilidade de agilizar o trabalho porque há poucas equipes para realizar vistorias em todo o Paraná. Mesmo assim, a questão tem avançado se comparada com outros anos. De 2000 até 2003 apenas 2.500 famílias foram assentadas no Estado.

O bloqueio terminou às 14 horas depois que os manifestantes repassaram as exigências à Polícia Militar, que se comprometeu em entrar em contato com os outros órgãos.

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