Em meio às dificuldades com a greve de servidores, o Hospital de Clínicas teve momento especial no setor de Transplante de Medula Óssea (TMO). A área é uma das mais afetadas pela paralisação, desde 11 de junho, mas conseguiu realizar o transplante que pode salvar a vida de João Vitor, de um ano e meio, portador de doença rara de imunodeficiência congênita. Ele recebeu ontem o sangue de um cordão umbilical, a partir da doação vinda do exterior.

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O material estava há dois meses no hospital. O transplante foi adiado três vezes por causa da greve, conta a avó da criança, Luciana Aparecida Anchau, de Florianópolis. “É muita emoção porque quase perdemos João Vitor”, conta. Ele teve complicações sérias enquanto esperava o transplante. A equipe médica informa que a criança tem mais de 90% de chances de cura.

Prazo

O Ministério Público Federal (MPF) estipulou prazo até hoje para que o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Paraná (Sinditest) indique sete profissionais para trabalhar no TMO. Esta é a quantidade de servidores em greve no setor. O remanejamento vai ocorrer com servidores de outras áreas. O MPF já anunciou que, se o pedido não for atendido, pode adotar medidas judiciais. A direção do HC aguardava a indicação dos profissionais. Com a greve, o setor de transplante de medula óssea está com apenas oito leitos disponíveis.

Antes da greve, o setor oferecia 14 leitos da capacidade total de 23 lugares. Isto porque estava em andamento o treinamento de novos profissionais. “Há fila de pessoas já com doadores identificados de 34 adultos e 25 crianças. Estas pessoas correm risco, inclusive de vida”, alerta Vaneuza Funke, responsável técnica pelo setor de transplante de medula óssea adulto. O setor realizou sete transplantes em junho, quatro em julho e três neste mês. A média mensal, sem a greve, é de oito intervenções.

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Leitos estão bloqueados

Segundo Márcio Palmares, diretor do Sinditest, o sindicato já havia recomendado ao HC mudança na escala para ampliar o número de leitos. “Vamos apresentar ao ministério a sugestão de escala que aumenta a oferta para mais seis leitos, totalizando os 14 exigidos. São 47 pessoas no setor, dá para adequar o atendimento com a nova escala, o que não foi feito pela direção do hospital”, explicou.

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Além do TMO, a greve de enfermeiros e técnicos de laboratório e raios-x está afetando o setor de urgência e emergência. De acordo com o HC, por causa da greve estão bloqueados quatro dos 14 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), seis dos 16 leitos da Unidade de Terapia Semi-Intensiva e dez dos 25 leitos da UTI Neonatal. Desde o início da greve, quase 29 mil pacientes não foram atendidos com exames laboratoriais e de imagem. E isto impactou as consultas eletivas. São 19.917 que não puderam ser realizadas pela falta dos exames. O HC informa que estão em greve 300 dos 1,9 mil servidores do quadro próprio da UFPR. Há ainda outros 1,2 mil funcionários contratados por meio da Fundação da Universidade Federal (Funpar).