O Ministério Público Federal (MPF) aguarda decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região de pedido de liminar para contratação temporária e emergencial de 75 novos funcionários para atuar no setor de transplantes de medula óssea do Hospital de Clínicas (HC), da Universidade Federal do Paraná (UFPR). ~
O órgão recorreu ao TRF porque não obteve resposta da 5.ª Vara Federal de Curitiba, onde ajuizou em maio deste ano uma ação civil pública, que até hoje não foi apreciada.
O MPF argumenta que a situação no HC é grave, já que todos os meses morrem em média três pacientes na fila de espera por um transplante. Alguns, inclusive, com doadores confirmados.
A situação é assegurada pelo diretor-geral do HC, Giovanni Loddo, que foi ouvido pelo MPF na semana passada. Ele confirmou que o hospital é o primeiro na América Latina a realizar o transplante de medula óssea e um dos únicos do Brasil a fazer o procedimento em crianças de baixa idade.
Hoje, conta com uma ala exclusiva e equipada para atender a essa clientela. No entanto, sofre com a falta de funcionários, o que provocou a desativação da ala infantil. Segundo Loddo, muitas vezes o paciente consegue encontrar um doador não aparentado cuja chance é de uma em um milhão – mas não consegue fazer a cirurgia por falta de pessoal. Atualmente existem 60 pacientes com doador na fila de espera, mas a média é de seis ou sete transplantes por mês.
O operador de triagem Edenilson Ferreira da Silva conhece de perto essa situação. A filha de 14 anos precisa de um transplante de medula óssea e se hoje tivesse um doador confirmado, a cirurgia só seria realizada no primeiro semestre de 2009. “Minha filha não consegue levar uma vida normal, já que o tratamento a deixa muito debilitada. A espera do transplante também agrava a situação”, diz.
Segundo o diretor do HC, a falta de recursos humanos não atinge só o setor de medula óssea. A crise está levando o hospital a fechar 120 leitos e desativar salas cirúrgicas.