A apresentação de Natal do Palácio Avenida, um dos mais tradicionais do País, é alvo de polêmica envolvendo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que considera a participação das crianças no evento como exploração do trabalho infantil. O questionamento do órgão poderá acarretar em mudanças nos horário e frequência das apresentações, realizadas com 160 crianças que vivem em 11 casas lares de Curitiba e região.
O MTE solicitou adequações ao projeto com base em argumentos que a quantidade e os horários dos ensaios e das apresentações são inadequados e prejudicam a frequência escolar das crianças. Além disso, a superintendência do ministério alega falta de acompanhamento psicológico, ausência de integrantes das instituições durante os ensaios e irregularidades na alimentação dos participantes. As questões estão em negociação com o Instituto HSBC Solidariedade, responsável pelo evento.
O outro lado
A medida surpreendeu os integrantes da Rede de Instituições de Acolhimento (Ria), da qual fazem parte algumas casas lares atendidas pelo projeto. “Há cinco anos as apresentações são feitas com crianças institucionalizadas e não tivemos nenhum problema. Estamos surpresos”, afirma a fundadora do Lar Infantil Sol Amigo, Marta Ortiz. Ela garante que a participação das crianças nas apresentações não traz nenhum prejuízo ao desenvolvimento delas. “O coral é fundamental para as entidades e serve de motivação para as crianças. Melhora o aprendizado, o desempenho escolar, a auto estima, a participação de eventos da comunidade e de lazer. As crianças querem participar”, argumenta.
Em nota, o Instituto HSBC Solidariedade informou que desde o ano passado está adotando as sugestões do MTE para “ampliar os benefícios e o bem-estar de todos os participantes do coral de Natal” e que as crianças são atendidas por programa social realizado há 11 anos. “O HSBC não medirá esforços para continuar aprimorando a atenção e os cuidados oferecidos aos coralistas para que essa manifestação artística de Natal, tão importante para as crianças quanto para Curitiba, possa continuar a ser um dos cartões postais do País”, diz o documento.