Em média quarenta motos são roubadas todos os meses em Curitiba. Nem a instalação de alarmes ou cadeados reforçados tem inibido a ação dos marginais. Alguns motociclistas estão apelando para o “bom senso” do ladrão, e colocando adesivos nas motos pedindo para não serem assaltados, pois são trabalhadores e a motocicleta é o único instrumento de trabalho. Mas, na opinião da categoria, esse mecanismo tem pouca eficiência.

“Isso não adianta nada”, afirma o motoboy Samuel Martins Oliveira, que amarga uma dívida de cerca de R$ 280 por mês de duas motos que foram roubadas. A primeira foi levada durante um assalto em fevereiro de 2001, no bairro Capão da Imbuia. “Eu estava fazendo a entrega para uma farmácia à noite e dois homens armados levaram a minha XLX ano 2001”, conta Oliveira. A segunda moto, uma CG 1998 – que tinha alarme e trava -, foi roubada em frente à uma loja na Rua República Argentina, no Portão, em julho de 2002.

Para continuar na profissão, que ingressou há cinco anos, Samuel Oliveira teve que fazer um novo investimento, e além das prestações dos dois modelos roubados, paga mais R$ 200,00 por mês de uma nova moto. O motoboy acha que em muitos casos há conivência da própria polícia, “que acabam encobrindo os fatos, pois quase nenhuma moto é recuperada”.

Ações

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores com Moto de Curitiba e Região Metropolitana, Tito Mori disse que além de melhorar o policiamento, a Urbs – Companhia que administra o trânsito de Curitiba – poderia cadastrar as pessoas que trabalham como “guardadores” de veículos nas ruas para cobrar mais eficiência. Ele adiantou que no final deste mês terá uma reunião com o órgão para propor alternativas para o setor. “Nós somos contra os estacionamentos de motos que foram criados no centro, porque muitas vezes o motorista precisa deixar a moto longe para fazer uma entrega. Acho que poderiam ser criados pontos alternativos ou acessos de estacionamento rápidos”, disse o sindicalista.

Cuidados

O descuido e a negligência muitas vezes acabam contribuindo para a ação dos ladrões. Essa é a opinião do empresário Marcelo Martins, proprietário da Dex, que emprega cerca de 130 motoboys. Segundo ele, a empresa vem investindo em orientações e treinamentos para evitar os roubos, e garante que nos últimos seis meses nenhuma ocorrência envolvendo os funcionários foi registrada.

Para o empresário, algumas medidas simples podem ajudar a evitar os roubos e assaltos, como procurar caminhos alternativos, não deixar a chave na moto ou estacionar em lugares escuros. Outra medida é não revelar a ninguém qual o tipo de produto que transporta, e sempre que identificar alguma atitude suspeita, parar em locais movimentados e se necessário, avisar a polícia.

Diminuindo as oportunidades

Para a Polícia Militar, há necessidade de mais policiamento na capital, e a ausência de segurança é uma reclamação de vários segmentos, não só dos motociclistas. “Nós temos consciência que precisamos aumentar o efetivo. Apesar disso, conseguimos diminuir a incidência de roubos”, afirmou o oficial de planejamento do Comando do Policiamento da Capital, major Roberson Luiz Bondaruk.

Segundo o oficial, a média de roubos de motos em Curitiba já caiu para trinta, desde o final do ano passado. Ele atribui esse fato a uma intensificação da atuação da polícia nesse tipo de crime, além das operações feitas no final do ano, quando se colocou um maior efetivo nas ruas.

Mas só aumentar o policiamento não será a solução para o problema, afirma o major. “Nós dizemos que o crime envolve três fatores: o criminoso, a vítima e a oportunidade. Os dois primeiros sempre vão existir, mas o último pode ser evitado”, ponderou.

Para o major, os motoristas devem tomar mais cuidado nos semáforos – onde a incidência de assaltos, principalmente à mão armada, é maior -, não deixar a moto estacionada, com a chave na ignição, e dirigir com atenção redobrada, “pois como a moto é um veículo que deixa o motorista mais exposto, a distração pode ser uma oportunidade para a atuação dos marginais”, finalizou. (RO)

continua após a publicidade

continua após a publicidade