Mortalidade materna é alta no Paraná

Os indicadores mostram que a situação da gestante não vai bem no Paraná. O Estado é destaque ao promover ações efetivas para o alcance dos Objetivos do Milênio, mas apesar dos avanços, é necessário um esforço ainda maior para que o Objetivo 5 – redução da mortalidade materna – seja alcançado no tempo previsto. A afirmação é do presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, que participou na última terça-feira (18), do encontro “Garantindo a Saúde da Gestante”, realizado pelo Sistema Fiep, por meio do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), Movimento Nós Podemos Paraná e o Observatório de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis).

O encontro reuniu mais de 30 instituições ligadas à saúde. Os participantes concluíram que o grande desafio é melhorar a qualidade dos serviços de atendimento à gestante para que a meta de reduzir em 75% a mortalidade materna até 2010 seja alcançada. A ONU estabeleceu como data limite o ano de 2015, mas no Paraná a meta é antecipar o alcance dos oito objetivos para 2010. Desde que a meta foi estabelecida, em 1990, o Paraná conseguiu reduzir o índice em apenas 36,8%. “Ainda estamos longe de alcançar a meta e precisamos intensificar as ações”, reforçou Rocha Loures.   

Entre as ações propostas pelo grupo reunido no encontro destacam-se: a criação de Centros Regionais de Referência de Capacitação e Pesquisa para atendimento ao parto humanizado, o monitoramento da gestação de alto risco, a prevenção da hipertensão arterial e de infecções, a garantia de um pré-natal de qualidade, com acompanhamento das gestantes, a qualificação dos profissionais e a promoção da educação sexual em escolas e empresas, como forma de prevenir a gravidez precoce.

Durante o encontro foi criada a Rede para melhorar a saúde das gestantes no Paraná, que será a responsável por colocar em prática as propostas eleitas, nas sete linhas de ação: planejamento familiar, parto humanizado, campanhas, pré-natal, capacitação de gestantes e comunidades, gestantes de alto risco e capacitação de profissionais.

Os resultados do encontro de Curitiba estão sendo apresentados nesta quarta-feira (19), em Brasília, na I Conferência Brasileira de Monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio do Setor Saúde, e I Conferência Internacional de Monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio do Setor Saúde, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A coordenadora do Movimento Nós Podemos Paraná, Maria Aparecida Zago, participa do painel “ODM 5 – Melhorar a saúde da gestante”, onde apresenta as propostas paranaenses para reduzir os índices de mortalidade.

As propostas também serão levadas ao “World Family Summit +4”, que acontecerá de 1º a 4 de dezembro, no Cairo, no Egito. O presidente do Sistema Fiep apresentará o trabalho no Movimento Nós Podemos Paraná e a ação coletiva para implementar ações e projetos que contribuam para melhorar a saúde da gestante e aproximar-se do alcance da meta.

Situação delicada

Dados do Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna e infantil do Paraná revelam uma redução lenta nas taxas de mortalidade. O Pacto Nacional de Redução da Mortalidade Materna e o Objetivo do Milênio nº 5 prevêem uma redução de 75% nas taxas de mortalidade materna até 2015, tendo como referência a razão de mortalidade materna de 1990. “O Paraná apresenta redução em suas taxas, mas ainda em ritmo lento, de apenas 2% ao ano, quando deveria ser, no mínimo, 4% ao ano para atingir a taxa pactuada para 2015, estimada em 39 por 100 mil nascidos vivos”, disse Vânia Muniz, do Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna.

Em nove anos (1990 a 2006) a taxa de mortalidade materna diminuiu 36,8% no Estado. No biênio 2005-2006, foram 62 mortes por 100 mil nascidos vivos, índice elevado se comparado ao aceitável pela ONU, que é de 20 por 100 mil nascidos vivos. “Precisamos reduzir as mortes maternas em mais de três vezes, e para isso precisamos de uma ação conjunta entre os diversos setores para apoiarmos o poder público”, enfatizou Rocha Loures.

Estudos comprovam que a mortalidade materna atinge especialmente as mulheres de baixa renda, pouca escolaridade e dificuldade de acesso a serviços qualificados. “Para prevenir a morte materna são necessárias medidas que promovam a melhoria da situação sócio-econômica das mulheres, bem como da infra-estrutura e organização dos serviços e a melhor qualificação dos profissionais que atuam na obstetrícia”, afirma Vânia Muniz.

A situação do Paraná, entretanto, não é isolada. Dados do Relatório sobre a Situação da População Mundial 2008, divulgado pelo Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), mostram que o número de mulheres que morrem em decorrência da gestação e do parto permanece basicamente inalterado desde 1980. A média é de 536 mil óbitos por ano em todo o mundo. Outros cerca de 15 milhões de mulheres sofrem lesões ou adoecem.

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