Nojeira

Moradores denunciam despejo irregular de esgoto em rios do Litoral do Paraná

Quantos litros de xixi você faz por dia? E quantas vezes faz cocô? Se encontrou a resposta para uma só pessoa, calcule então um milhão e 700 mil pessoas (estimativa de veranistas que desceram para as praias do Paraná no feriadão de Ano-Novo). E imagine boa parte disto sendo despejado dentro dos rios do litoral. Pelo menos esta é a denúncia que circula em vídeos pelo WhatsApp, mostrando que as estações de tratamento de esgoto da Sanepar supostamente não aguentaram a demanda e despejaram parte destes dejetos em rios da região.

A Câmara de Vereadores de Pontal do Paraná soube do episódio e pediu providências.

A denúncia tem uma sequência de quatro vídeos, com o dono de uma marina local e o chefe de gabinete de um vereador do município em um barco, navegando pelos rios da região. No primeiro, eles estão na confluência de três rios, o da Praia, o Peri e o Albatroz. As imagens mostram uma borra, parecendo óleo, muito fedida, vindo do Rio Albatroz. Os três rios desaguam no Rio Guaraguaçu, onde foi vista uma mortandade de peixes após o feriadão. Então o grupo decide subir o Rio Albatroz.

No segundo vídeo, os navegadores encontram esgoto sendo despejado por baixo de uma ponte, em alta pressão. Quando mais sobem o rio, mais preta e fedida fica a água. Até que no quarto vídeo, chegam a uma boca de lobo. Mostram que, logo ali adiante, é a estação de tratamento de esgoto da Sanepar, e uma água muito preta, chega a ser acinzentada, é despejada por esta tubulação no Rio Albatroz.

Providências

Fabiano Alves Maciel, o “Binho”, presidente da Câmara de Vereadores de Pontal do Paraná, confirma que teve acesso a estes vídeos, bem como muitos outros produzidos por moradores e veranistas locais. Ele pessoalmente foi conferir alguns pontos de poluição e afirma que conversou com um gerente da Sanepar no litoral. Conforme “Binho”, o gerente chegou a confessar que houve o extravasamento do esgoto, mas teria dito que era algo “normal”, “que podia acontecer. “Ele deu lá as explicações dele para aquele cheiro forte, mas não convenceu”, afirmou “Binho”, que foi até a casa de uma professora, que foi invadida pela poluição.

No dia seguinte à gravação dos vídeos, diz ele, a água suja e o mal cheiro tomaram conta dos balneários Grajaú e Shangrilá. Mas soube que nos balneários pertencentes a Matinhos (visto que parte da poluição vem de lá também) o cheiro também ficou insuportável. Depois de uns três dias, o cheiro amenizou.

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Mesmo assim, “Binho”, em nome da Câmara, encaminhou ofícios à Sanepar, ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e ao Ministério Público, pedindo providências. “A Câmara de Vereadores não apenas aguarda as medidas solicitadas, mas atua ativamente no sentido de solucionar o urgente problema que prejudica toda a população local, bem como a fauna e flora de nossos ecossistemas, prontificando-se perante tais órgãos a agir conjuntamente no que lhe couber.”, diz parte do ofício, datado do dia 8 de janeiro.

Autoridades

O Ministério Público do Paraná informou que o pedido foi recebido nesta quinta-feira (10) e que imediatamente instaurou uma notícia de fato (investigação), para apurar a situação junto aos órgãos competentes.

A Sanepar encaminhou uma nota oficial, que diz: “No litoral paranaense, a Sanepar atua nos municípios de Guaratuba, Matinhos, Pontal do Paraná, Morretes e Guaraqueçaba, dispondo de sistemas de coleta e tratamento de esgoto concebidos e operados de acordo com boas práticas do setor de saneamento ambiental e em conformidade com a legislação ambiental vigente.”

A equipe de reportagem da Tribuna insistiu que a Sanepar explicasse melhor se foi um acidente; se realmente as estações não suportaram a demanda, como foi dito; se o transbordo é uma opção técnica prevista ou se a poluição dos rios não tinha nenhuma relação com a Sanepar. Mas a empresa apenas afirmou que não joga esgoto in natura dentro dos rios e que age dentro das normas vigentes.

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Em relação ao caso específico da casa que foi invadida pelo esgoto, a Sanepar explicou que possui uma estação elevatória chamada Ipanema, que está em obras. Essa estação teve uma obstrução da chegada do esgoto na estação, o que causou um extravasamento e invadiu a casa de um morador próximo. A Sanepar foi chamada, desobstruiu a tubulação e realizou a limpeza na casa do cliente. A empresa ainda explica que obstruções geralmente acontecem por mau uso da rede, como despejo de gorduras ou objetos que não deveriam estar ali. Por isto, os objetos acabam impedindo o fluxo normal de esgoto, como o que ocorreu nesse caso pontual.

O IAP também foi procurado, mas a reportagem não conseguiu contato.

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