Moradores da Vila Audi cobram assistência

Receber correspondência na caixinha que fica no portão de casa, para muitas pessoas é simples, corriqueiro. Mas, para quem vive em áreas de ocupação irregular, receber cartas ou contas, é, muitas vezes, impossível. Na última reportagem da série sobre ocupações, O Estado mostra a dificuldade de ter um comprovante de residência e a violência com a qual convivem os moradores das Vilas Audi-União, em Curitiba, que faz parte dos quase 14% da população da cidade que está em terrenos irregulares.

Teresa: ?Muito medo?.

Sem entrega de cartas por conta da falta de regularização, as correspondências da Vila Audi devem ser pegas em caixinhas de correio que antes ficavam em uma igreja, depois em um bar e agora ficam dentro da Associação de Moradores. Mesmo assim, sem um endereço fixo (só há o número da caixa postal), contas muitas vezes não chegam.

Quando ainda não havia luz elétrica e água regularizadas, também não chegavam contas ou entregas, e os problemas eram maiores. ?Antes eu precisava mandar entregar as compras que fazia na casa da minha mãe ou ir esperar o caminhão lá na rodovia?, contou a cabeleireira Noemi de Assunção Ferreira, que vive na Vila Audi há nove anos. Ainda por conta desse problema, Noemi diz que encontra complicações quando precisa abrir um crediário em uma loja.

Violência

Ainda falta infra-estrutura.

Apesar de considerarem a Vila Audi tranqüila, os moradores reclamam da falta de segurança por conta das vilas em volta, onde acontecem brigas de gangues rivais pelo tráfico de drogas. ?Tenho muito medo. Principalmente por causa das crianças, que precisam cruzar a linha do trem para ir à escola, ou quando temos que sair de casa de madrugada para ir ao posto de saúde, que fica fora da Vila?, revelou a dona de casa Teresa Dias de Campos.

A violência também é fruto do crescimento da ocupação. Uma década atrás, quem passava pela BR-277 só via barracos de lona preta. E, com o crescimento, benefícios também foram chegando, como a passagem de ônibus. ?Estamos perto do céu, comparado ao que era antes?, avalia Noemi.

Intervenções

Noemi: ?Na rodovia?.

De acordo com a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), um dos maiores projetos de recuperação de áreas de risco está sendo feito nas ocupações da bacia do Rio Iguaçu, que inclui as Vilas Audi-União e Pantanal. ?Serão reassentadas 522 famílias que estão à margem de um antigo aterro?, disse o presidente da Cohab, Mounir Chaowiche.

Além dessa região, está prevista a retirada de 700 famílias que vivem à beira do Rio Barigüi, como as vilas Bom Menino, Nossa Senhora da Paz, Nápolis, Nova República e Nova Barigüi. ?O diferencial é que, além da casa, fazemos a recuperação do meio ambiente e geramos emprego. Há formação de mão-de-obra da própria comunidade para a construção civil?, explicou Chaowiche. Outras regiões também serão contempladas, por meio de dois projetos. A Cohab espera fechar o ano com redução de 50% de pessoas vivendo às margens de rios em Curitiba.

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