Moradores confirmam erros no Bolsa-Família

Embora ninguém em Piraquara queira citar os nomes das pessoas que estão recebendo o Bolsa-Família de maneira irregular, a população desconfia que as denúncias do programa Fantástico sejam verdadeiras e elogia a presença de fiscais do Ministério do Desenvolvimento Social na cidade.

Segundo a proprietária da única casa lotérica da cidade, Sulines Borges da Silva, é comum ver pessoas que não apresentam tanta necessidade ir buscar o Bolsa-Família. Alguns dizem que é para suas empregadas. Normalmente, os benefícios giram entre R$ 45 e R$ 60. “Esses dias apareceu um senhora bem vestida, distinta, que retirou R$ 195. Eu perguntei se era para ela. Respondeu que sim, mas já cortou o assunto não deixando eu perguntar mais nada”, contou.

Ana Arvi Torres, 49 anos, está desempregada assim como seu marido. Há três anos ela recebe o Bolsa-Escola, por ter dois filhos pequenos. Ela contou que com ela nunca houve problema. Sua renda familiar é de pouco mais de R$ 200. “Eu estou satisfeita. Pode até acontecer alguma coisa irregular, mas não acredito que o João Guilherme (prefeito da cidade) tenha algo com isso. Ele é um homem bom e sempre nos ajudou”, afirmou.

Mas a opinião de Ana não é compartilhada por todos. Francisco Morais, 50 anos, é pedreiro mas está machucado há seis meses, sem poder exercer sua profissão. Ele mora com três filhos, e a renda mensal da família é de R$ 400. “Eu fiz o cadastro para o Bolsa-Família. Procurei na prefeitura por três meses, mas nada. Então acabei desistindo”, contou.

Vila Fuqui

Na Vila Fuqui, uma das localidades mais pobres de Piraquara, a reportagem também encontrou pessoas de baixo poder aquisitivo que não são beneficiadas pelo programa: Maria Francisca Ramos, 51 anos, divide a casa com um amigo que também não trabalha e cuida de seu neto. As três pessoas vivem com R$ 260, fruto de uma aposentadoria rural. “Tentei fazer o cadastro do auxílio-gás, mas disseram que eu não tinha direito. No dia, uma mulher que ficou sabendo da aposentadoria me perguntou se eu queria mais ainda, como se o que eu recebo fosse uma fortuna”, contou. Ela lembrou que suas duas filhas, que têm a mesma condição social, mas moram em outras casas na mesma região, também tiveram negado o Bolsa-Escola para suas netas.

Caixa vai atender beneficiários

Cerca de 300 agências da Caixa Econômica Federal em todo o país estarão abertas neste fim de semana para receber os beneficiários do Bolsa-Família que ainda não têm cartão e prestar informações sobre o programa.

A ação será estendida por toda a semana, até o dia 29 de outubro, com horário especial de abertura ou fechamento de agências em diversas cidades. O objetivo é agilizar a entrega, principalmente em regiões de maior demanda. Os horários de abertura e a lista das agências participantes do mutirão estão sendo definidos regionalmente.

Ontem, técnicos de 18 escritórios regionais da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social também passaram por um treinamento sobre o sistema de transferência de dados dos programas Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação e Cartão-Alimentação para o Cadastro Único (Cadúnico). Os participantes do curso são encarregados de assimilar as mudanças e, com técnicos estaduais de educação e saúde e agentes municipais, transmitir as informações em cada região.

O Bolsa-Família, maior programa de transferência de renda da história do País, atende a 4,5 milhões de famílias carentes. Com a criação do Cadúnico e a conseqüente migração de mais 2 milhões de famílias, o programa alcançará, em dezembro de 2004, o número de 6,5 milhões de núcleos familiares que totalizam a aplicação de R$ 5,3 milhões.

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