Mistura perigosa aumenta acidentes com motociclistas

A combinação entre imprudência e desrespeito às leis de trânsito tem mantido uma alta média de acidentes com motociclistas em Curitiba. Entre janeiro e maio deste ano, 1.308 ocorrências deixaram 1.325 feridos e 11 mortos. No mesmo período de 2011, foram 1.294 acidentes com 1.273 vítimas e 16 óbitos.

Se for considerado o aumento da frota na capital, que cresceu em quase cinco mil unidades no último ano e está em 116.835 motocicletas, a comparação dos números pode ter um saldo positivo. Porém, na avaliação do tenente do Batalhão da Polícia de Trânsito (BPTran) de Curitiba, Ismael Veiga, o índice é alto. Ele ainda traça um perfil dos motociclistas que mais se envolvem em acidentes: jovens com idades entre 21 e 35 anos, sendo cerca de 70% homens. “Este motociclista compra a moto para fugir do transporte público, mas não tem consciência de que ele é mais vulnerável no trânsito e deve agir defensivamente”, avalia.

Os dados do BPTran mostram também que a imprudência e o excesso de velocidade são as principais causadoras dos acidentes. “Estão diretamente relacionadas”, aponta o tenente Veiga. Geralmente percorridos em alta velocidade, os cruzamentos são os mais perigosos, juntamente com o tráfego por corredores de carros e as ultrapassagens pela direita, ambos proibidos pelo Código Brasileiro de Trânsito (CBT).

“O trânsito por si só é um ambiente de risco, independente do veículo utilizado. Parece que as pessoas esquecem esse risco, especialmente os motociclistas, que têm a sensação de poder e são mais velozes, o que contribuiu para que se sintam pouco vulneráveis”, avalia a psicóloga especialista em trânsito, Adriane Picchetto Machado.

Aliado a isso, a psicóloga pontua a exigência de pontualidade feita por empresas que trabalham com entregas, forçando os funcionários a correrem contra o tempo. “O motociclista se vê obrigado a tomar condutas pouco seguras, como cortar caminho pela calçada, por exemplo, inconsciente de todos os riscos”, diz.

Sensibilização

Na contramão dos problemas, tanto o tenente do BPTran quanto a psicóloga concordam que é preciso investir na sensibilização dos motociclistas. O caminho a seguir é investir na orientação, mostrando os principais cuidados que devem ser adotados nas ruas. “Não adianta uma legislação perfeita e a fiscalização se não tivermos a conscientização sobre o papel de cada um no trânsito”, destaca o tenente Veiga.

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