Ministério Público pede investigação sobre o PCR

O Ministério Público Federal (MPF) vai solicitar à Polícia Federal (PF), ainda esta semana, que investigue a criação do Primeiro Comando Rural (PCR). Movimento organizado por cerca de cinqüenta fazendeiros da região Centro-Oeste do Estado, o PCR pretende contratar homens armados para evitar que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupe suas fazendas. Na terça-feira, o MST, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a ong Terra de Direitos denunciaram a criação do PCR aos ministérios públicos Federal e Estadual.

O procurador do MPF, Mário Gisi, que recebeu a denúncia, explicou que os crimes que podem ser detectados pela PF são porte ilegal de armas, formação de quadrilha e constituição de milícia privada.

O secretário executivo da CPT, Jelson Oliveira, salientou que a denúncia partiu de dois pontos. O primeiro, relativo à criação em si do comando. “Alguns fazendeiros estão indo à imprensa tentar incitar outros a agir com violência e formar um clima de medo para os trabalhadores sem-terra. Anexamos fitas de vídeo e recortes de jornais mostrando isso”, disse Oliveira, destacando que o segundo ponto já é o início das ações do PCR. “Entre 8 e 11 deste mês já foram registrados incidentes em Laranjal. Pistoleiros foram vistos dando tiros para cima, constrangendo os trabalhadores etc.”, queixou-se.

Organização

Além da criação do PCR ? que, segundo os sem-terra, foi inspirado na organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) ?, os fazendeiros paranaenses estão procurando outras formas de se organizar. Ontem, em Cuiabá (MT), aconteceu um encontro envolvendo fazendeiros do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. O objetivo era voltar a fortalecer a União Democrática Ruralista (UDR), enfraquecida no final da década de 80. Além disso, do encontro deve resultar uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrando a preocupação com a crescente influência do MST no processo de reforma agrária. No Paraná há a intenção de reativar quinze escritórios da UDR. Hoje apenas em Paranavaí a UDR continua tendo alguma organização. Outra demonstração do estado de alerta dos fazendeiros foi a criação, em Curitiba, da ong Ação Constitucional para a Proteção e Preservação da Propriedade Rural.

Na denúncia apresentada, o nome do fazendeiro Humberto Mano Sá, presidente da Associação dos Produtores Rurais de Laranjal, é citado como um dos organizadores do PCR. Sá disse que isso é “falta do que fazer”. “Eles deveriam pressionar o governador para resolver seu problema. Eles é que são terroristas e andam armados constrangendo quem passa perto, não nós”, defendeu-se, aproveitando para criticar o MST. Neste ano foram registradas cinco ocupações no Paraná.

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