Milícias armadas ameaçam sem terra no Paraná

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciou ontem a ação de milícias armadas contra grupos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que estavam acampados na fazenda Coopersucar, no município de Primeiro de Maio (norte do Estado), e que permanecem na fazenda Mestiça, em Rio Branco do Ivaí (região central). As fazendas foram ocupadas na semana passada e, apesar dos proprietários já terem conseguido na Justiça a reintegração de posse, os camponeses instalados na fazenda Mestiça insistem em não deixar a área enquanto a própria Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) não fizer a remoção. Já em Primeiro de Maio, temerosos, os sem terra saíram das terras.

A agente da CPT em Londrina, Isabel Cristina Diniz, afirma que esteve no acampamento da fazenda Mestiça no início da semana e que o clima era tenso no local. ?O que agrava a situação é a possível ação de fazendeiros por meio das milícias armadas?. De acordo com a CPT, pistoleiros estariam ameaçando despejar os acampados caso o Estado não cumpra a ordem de reintegração de posse. Em Primeiro de Maio, a situação não era diferente. ?Milícias cercaram o acampamento e não deixavam as famílias sequer buscarem água?, relatou. Por causa disso, os sem terra saíram durante a madrugada temendo a ação dos pistoleiros. Eles foram para um assentamento a cerca de 20 quilômetros dali e dizem que os líderes do grupo estão sofrendo ameaças de morte.

A CPT explica que a resistência em sair das áreas é a única forma de pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a efetivar processos de assentamentos. ?Somente a organização e resistência têm conseguido consolidar a reforma agrária no Brasil?.

A agente não vê apenas na greve do Incra (que durou mais de dois meses) motivos para o não-cumprimento das metas de assentamentos previstas para este ano do Estado. ?Há morosidade nos processos burocráticos e falta de vontade em efetivar políticas de instalação e liberação de recursos?, aponta.

A Sesp, apesar de não adiantar datas para o cumprimento da reintegração de posse na fazenda Mestiça, afirma que está atenta para o que está acontecendo nas invasões e que a Polícia Militar tem monitorado as áreas para verificar possíveis problemas.

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