Milhares de militantes da Via Campesina e MST protestam

Carregando faixas e bandeiras, um grupo de cerca de seis mil integrantes da Via Campesina e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participou de um ato público ontem, em Curitiba. Os integrantes dos dois movimentos vieram em cerca de 50 ônibus, desembarcando na região do Alto da XV e seguindo em passeata até a Praça Santos Andrade, no centro da capital. Apesar dos participantes serem impedidos pelos coordenadores de dar entrevista, alguns diziam não saber direito o motivo do protesto. ?Acho que é pelos transgênicos?, comentavam.

No entanto, os líderes garantiam que o ato público era contra a Organização Mundial do Comércio (OMC). Roberto Baggio disse que a OMC tem tentado regular toda a relação comercial dos países, trazendo sérias conseqüências para a agricultura, educação e saúde. Ele disse que a manifestação era oportuna devido a presença de ministros de diversos países na reunião do Segmento de Alto Nível da 8.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), em Curitiba.

Já João Pedro Stédile foi mais enfático. Disse que os países imperialistas querem montar uma constituição do comércio com a OMC e impor regras econômicas para todo mundo. Segundo ele, a instituição quer acordos que beneficiem os produtores, ?mas não ao pequeno produtor, e sim as transnacionais, que são as maiores produtoras de soja do Brasil?. Stédile disse que hoje as multinacionais já detêm 80% dos supermercados no País, o que demostra que querem impor sua soberania sobre os pequenos países.

Marina

Os manifestantes seguiram até o Estação Convencional Center, onde cerca de cem policiais faziam um cordão de isolamento do local. Um helicóptero também permaneceu sobrevoando a região. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que estava no Estação, desceu para falar com os manifestantes, que apresentaram uma lista com três reivindicações. Eles pediram para que o Brasil mantenha a posição contra o uso das sementes chamadas de terminators. Além disso, pediram uma maior fiscalização dos produtos transgênicos, e que a rotulagem de produtos seja implantada e tenha uma fiscalização rigorosa.

Recebida com aplausos quando subiu para discursar na plataforma da estação-tubo em frente ao centro comercial, a ministra se solidarizou com os movimentos sociais, lembrando da sua trajetória que começou há 25 anos ao lado do ambientalista Chico Mendes. Marina também falou de passagens da Bíblia e chegou a ler um poema que escreveu em 2004. Segundo a ministra, as reivindicações dos movimentos sociais estão tendo avanços dentro da COP8.

Voltar ao topo