Mesmo com chuvas, nível de barragens precisa melhorar

O nível das barragens de Piraquara e Iraí – que abastecem cerca de 1,8 milhão de pessoas na Grande Curitiba – subiu devido às últimas chuvas. A média histórica para novembro é 115 milímetros de chuva e o índice registrado no período foi de 170 milímetros. Porém, a situação ainda exige cautela, já que os dois reservatórios juntos contam apenas com 46,6% da capacidade total. Para afastar de uma vez o fantasma do racionamento durante o próximo inverno, os níveis das barragens precisam passar de 90% até março.  

Entre agosto e setembro, parte de Curitiba e região metropolitana enfrentou o rodízio de racionamento de água. As cidades foram divididas em sete grupos e a cada dia uma porcentagem da população ficava sem abastecimento. Segundo o gerente de produção de água da Sanepar, Paulo Raffo, a situação chegou a esse ponto porque nos meses de outubro e novembro de 2005 choveu bem menos do que a média. A situação se agravou ainda mais porque no inverno – quando normalmente chove menos – a precipitação ficou aquém do esperado.

A Grande Curitiba só ficou livre do racionamento quando começou o regime de chuvas, em setembro. Se a situação continuar assim, como prevê o Instituto Tecnológico Simepar, os níveis das barragens devem voltar ao normal, já que a tendência é que nos próximos meses as precipitações fiquem dentro do esperado ou acima. Nesses primeiros quatro dias de dezembro choveu 5 milímetros na estação de Curitiba, mas o meteorologista Samuel Braun diz que o volume pode ter sido maior, pois as pancadas ocorreram de modo isolado.

E a recuperação dos reservatórios já pode ser medida. Em 4 de novembro, a represa do Irai estava 3,34 metros abaixo do nível normal e ontem estava em 2,62 metros. Piraquara também melhorou a capacidade: passou de 5,89 metros abaixo do nível para 4,92 metros. Na represa do Passaúna, que não havia entrado no rodízio, o nível estava em 0,42 metro e agora está normalizado.

Mas Raffo diz que ainda é preciso cautela. Mesmo tendo um panorama favorável, até agora as duas barragens não atingiram 50% da capacidade e a população deve continuar economizando água.

Temporais

Mas se por um lado as chuvas de verão representam um alívio para a população, há também o risco de temporais. A Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), do Ministério da Integração Nacional, enviou ontem um alerta às defesas civis dos estados das regiões Sul e Sudeste sobre a possibilidade de ventos fortes, chuvas de granizo e incidência de raios.

Segundo Braun, ontem sobre o Paraná havia a presença de uma massa de ar quente e a frente fria que avançava pelo oceano em direção a São Paulo, provocando áreas isoladas de instabilidade no Estado. Mas a Defesa Civil, até o fim da tarde de ontem, não havia registrado qualquer incidente causado pela chuva.

Cai produção de energia no Paranapanema

Joyce Carvalho

Apesar das chuvas recentes, regiões paranaenses continuam sofrendo com a estiagem. Um destes locais é a Bacia do Rio Paranapanema, na divisa com São Paulo. O reservatório Capivara, da empresa Duke Energy, localizado no rio, está com apenas 13,5% da capacidade total – o pior nível já registrado na sua história. A situação crítica será abordada em reuniões com a comunidade dos municípios atingidos pela barragem.

Os encontros acontecem hoje e amanhã com representantes das comunidades dessas cidades dos lados paranaense e paulista. A empresa quer esclarecer as razões que culminaram na redução drástica na quantidade de água. ?A região Sul do País está sofrendo com a falta de chuvas. A Bacia do Paranapanema depende em 60% dos rios do Paraná, que também sofreram com a seca?, explica Paulo Ricardo Laudanna, gerente geral de operação da Duke Energy.

De acordo com ele, já chove em outras localidades, mas a normalidade ainda não chegou na divisa entre Paraná e São Paulo. De fato, chove em todas as bacias no Estado, menos na do Paranapanema. Nos últimos meses, a empresa vem gerando menos energia do que costuma. No mês passado a geração ficou 25% abaixo da média.

Mesmo diante desse quadro complicado, o consumidor final não será afetado, segundo Laudanna. O sistema elétrico, operado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), está compensando a diminuição na geração de energia na região Sul. Assim, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão sendo abastecidos por energia gerada em outros locais. ?Não haverá problemas nesse sentido?, garante.

Segundo Laudanna, as previsões meteorológicas apontam a volta dos níveis normais de chuva para a região nos próximos meses. Agora, basta esperar São Pedro dar uma ajudinha para a Bacia do Paranapanema.

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