Londrina
– As autoridades de saúde pública de Londrina, que sempre se preocupam com o avanço da aids, voltam agora a atenção para a faixa etária de jovens e adolescentes entre 13 e 19 anos. Em 2001 e 2002 foram registrados nesse segmento dez casos de doentes de aids, sendo a maioria (sete) de meninas. No total foram registrados, no município, 105 casos de aids em cada ano.A situação de Londrina segue a tendência nacional, já que foram registrados no Brasil, em 2000, 191 casos de aids em meninas contra 151 em garotos da mesma faixa etária. Em 2001 foram 152 casos em meninas, contra 91 meninos. Os dados nacionais para 2002 ainda não estão sistematizados.
A coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids, Rosângela Alvanhan, disse ontem que os casos de aids entre os 13 e 19 anos preocupam a saúde pública, porque a situação revela uma realidade ainda mais complexa. “Se estão se infectando pelo vírus HIV na adolescência, significa que estão iniciando a vida sexual precocemente e expostos a todos os conflitos que o ato sexual suscita e, também, expostos à outras doenças”, analisou Rosângela.
Ela disse que os números de casos de aids comprovam uma pesquisa realizada em 2002, coordenada pelo médico Fernando de Paula, da rede municipal de saúde. Pela pesquisa, 42,7% dos adolescentes iniciam a vida sexual aos 14,3 anos de idade. Deste total, 77% das meninas já mantiveram relação sexual sem proteção, contra 44% dos meninos.
Alvanhan ressaltou que os adolescentes podem estar se infectando na primeira ou segunda relação sexual, visto que a doença tem um período de incubação que varia de pessoa para pessoa. “Neste período, ela pode estar transmitindo o vírus mesmo não manifestando os sintomas da doença.”
Para Alvanhan, o início da atividade sexual tem sido cada vez mais prematuro por vários fatores sociais. “Hoje, os valores são diferentes de décadas atrás e a banalização do sexo em novelas e outros programas, que abordam o assunto de forma superficial, contribui para essa realidade”, disse.