Mobilizações com o objetivo de alertar a população sobre a situação de comprometimento da qualidade da atenção à saúde prestada à população brasileira foram promovidas, durante todo o dia de ontem, em diversas regiões do País. Em alguns locais, profissionais da área médica paralisaram suas atividades. No Paraná, com o intuito de não prejudicar a população, a categoria optou em prestar atendimento normalmente.
Durante a manhã, na sede da Associação Médica do Paraná (AMP), em Curitiba, integrantes da Associação Médica Brasileira (AMB), do Conselho Regional de Medicina (CRM) e da própria AMP se reuniram para falar sobre a mobilização nacional. Segundo o presidente da AMP, Cláudio Pereira da Cunha, o principal motivo da mobilização são os baixos honorários pagos por planos de saúde e operadoras.
Ele explica que os valores não são reajustados desde 1994. Os valores das mensalidades dos planos de saúde pagas pelos usuários subiram, em quase dez anos, cerca de 250%. “A mobilização tem como objetivo alertar a população sobre a qualidade de atenção à saúde e divulgar a necessidade de implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (Cbhpm), dando início a negociações com as seguradoras e administradoras de planos de saúde”, afirmou Cláudio.
A Cbhpm é uma relação de procedimentos que atualiza os valores dos honorários médicos e que começou a ser elaborada há quatro anos, sendo reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Resolução 1.673/03. “A Cbhpm é considerada correta e equânime. Para que ela seja implantada em nível nacional, uma carta de solicitação será enviada ao presidente Lula. Ele deve tomar conhecimento do que está acontecendo, que está diretamente ligado ao bem-estar dos pacientes que hoje dependem dos serviços dos planos de saúde”, declarou o diretor de proteção ao paciente da AMB, Jurandir Marcondes Ribas Filho.
Perfil do médico
De acordo com trabalho realizado recentemente pelo Conselho Federal de Medicina, sobre o perfil do médico, o rendimento médio mensal de um médico brasileiro gira em torno de US$ 1.700. A receita é aplicada em várias despesas de consultório, como contratação de recepcionista e compra de equipamentos. “O custo de manutenção dos consultórios aumentou muito nos últimos anos”, explicou o presidente da AMP. “Os impostos subiram e o aumento da taxa do dólar, que envolve a aquisição de equipamentos em muitas clínicas, subiu cerca de 300%.”
Os honorários pagos aos médicos pelos planos de saúde e demais serviços privados variam de R$ 10 a R$ 35. A média é de R$ 22. No entender da classe médica, os valores médios por consulta pelos planos deveriam variar de R$ 42 a R$ 51, dependendo da complexidade do procedimento realizado. Atualmente, existem 119 escolas médicas em funcionamento no País. Delas saem, anualmente, cerca de 10 mil novos profissionais.