Medicina e Publicidade, os favoritos

Uma profissão cobiçada, tanto pelo status que proporciona quanto pela dificuldade de ingresso. Assim pode ser definido o curso de Medicina, que há vários anos é um dos mais procurados na Universidade Federal do Paraná (UFPR), maior instituição de ensino do Estado. No último concurso vestibular o curso teve 5.613 candidatos disputando uma das cem vagas ofertadas. Mas, há pelo menos cinco anos, a Medicina vem revezando essa preferência com o curso de Publicidade e Propaganda.

De acordo com o coordenador acadêmico do Núcleo de Concursos da UFPR, Erasmo Gruginski, Medicina, assim como Direito e Arquitetura, são consideradas profissões sólidas, com prestígio na sociedade. Já cursos como Publicidade, Jornalismo e Turismo vêm chamando a atenção por estarem ligados a atividades com projeção na mídia, criativas e com boa remuneração. “A Publicidade e o Jornalismo são relacionados à criatividade, que remetem a ambientes de trabalho dinâmicos. Por outro lado, o Turismo é uma profissão associada a atividades agradáveis, com uma diversidade de atuações”, comentou o coordenador.

Antes de escolher a profissão, avalia Gruginski, o candidato deve ter em mente os diversos ramos da atividade, e não apenas a sua projeção ou status social. Ele citou o exemplo do curso de Estatística, que mesmo tendo baixa procura no vestibular, é o que possibilita a maior absorção pelo mercado de trabalho. No último concurso as 66 vagas foram disputadas por 208 candidatos, o que resultou em uma concorrência de três candidatos por vaga. “Mas, pelo acompanhamento que fazemos, temos observado que o aproveitamento desses profissionais pelo mercado é alto”, afirmou.

“Ser médico não é ser técnico em Medicina, mas sim, ser um cidadão em medicina. Só com esse entendimento é que o profissional será feliz na atividade”. A afirmação é do presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Donizetti Giamberardino Filho, que garante que uma das condições básicas do médico é gostar de pessoas, já que irá se relacionar com elas durante toda a atividade. Segundo ele, o mercado de trabalho está ficando saturado de profissionais – são 280 mil em atividade no Brasil, 15 mil desses no Paraná -, pois as 130 faculdades formam uma média de 10 mil médicos todos os anos. Além disso, os brasileiros ocupam 500 vagas nas universidades de Cuba e 3 mil vagas na Bolívia.

A Organização Mundial da Saúde preconiza um médico para uma população entre 800 a mil pessoas. Em Curitiba essa proporção é de um profissional para 250 pessoas, e no Rio de Janeiro chega a um para 170 pessoas. Diante desse panorama, diz Giamberardino, a lógica de mercado tem sido uma queda na remuneração, com menos atuação no mercado liberal e maior presença nos sistemas públicos de saúde. “O nicho de mercado hoje é o SUS (Sistema Único de Saúde), principalmente através do Programa Saúde da Família, que tem incentivado a atuação de médicos no interior dos estados”, comentou.

O piso salarial da categoria é de três salários mínimos. Mas esse valor varia de acordo com a região. Em Curitiba, a média salarial é de quatro a cinco salários mínimos para uma jornada de 20 horas semanais, e o Estado paga uma média de dez salários mínimos para a mesma jornada.

Glamour

O interesse pela profissão de Publicidade e Propaganda cresceu na década de 90, com o surgimento de grandes empresas do setor, diz o presidente do Sindicato dos Publicitários do Estado do Paraná, Clacir de Andrade Gelasko. “A grande procura pela atividade está ligada ao glamour e ao destaque que os profissionais pensam em conquistar. Mas a realidade é outra”, diz. Segundo ele, tudo vai depender muito do dom de cada um, “porque não é todo o dia que se tem uma grande idéia”.

Outro engano de quem ingressa na profissão é querer atuar apenas na criação. Segundo Andrade, existem outras áreas de atuação, como design, internet, mídia e produção. Segundo ele, o profissional precisa estar aberto para outras possibilidades, principalmente no Paraná, onde o mercado está em recessão. Anualmente, se formam em Curitiba cerca de 500 profissionais. Apenas 25% conseguem uma colocação.

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