Maior macaco americano também vive no Paraná

O maior macaco das Américas, quarto primata na lista de ameaçados de extinção do mundo, o mono carvoeiro (Brachyteles arachnoides) foi encontrado no Paraná. Inicialmente acreditava-se que ele teria incidência apenas nos estados de São Paulo, Rio, Minas e Espírito Santo.

Na época do descobrimento estimava-se que a população desse animal no Brasil girasse em torno de 400 mil. Atualmente são apenas 1.500. Os responsáveis pela descoberta e pela pesquisa relativa ao animal são o engenheiro ambiental Alexandre Koehler e os biólogos Patrícia Nicola e Luiz Cézar Machado Pereira, todos professores da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná.

Koehler contou que em julho do ano passado a Companhia Paranaense de Energia (Copel) pretendia estender uma linha de transmissão num trecho de 130 quilômetros entre Bateias e Jaguariaíva. A estatal então pediu para técnicos da PUC fazerem um inventário vegetal na região. Durante o trabalho, numa propriedade particular ao sul de Castro, região dos Campos Gerais, Koehler avistou pela primeira vez dois monos carvoeiros, ou muriquis (“gente vagarosa”) como são conhecidos fora do Brasil.

Como não é especialista em primatas, o engenheiro resolveu consultar os biólogos, que em outras visitas à faixa conservada de Mata Atlântica confirmaram a presença, até então desconhecida, do animal em solo paranaense. “Em 1971 o pesquisador Álvaro Aguirre disse ser bem possível a ocorrência do animal no Paraná. Em 94, Paulo Martuscelli identificou um crânio de mono carvoeiro em Jaguariaíva. Mas ninguém até então havia visto realmente o macaco”, contou Koehler, destacando que o trabalho já foi publicado numa revista científica internacional para garantir a autoria da descoberta.

Preservação

Depois de várias outras observações, conseguiram contar quinze animais. Pereira explicou que os três professores têm, em parceria com a Fundação O Boticário, um projeto para estudo do macaco na região. “Ele abrange distribuição do animal, tamanho da região, composição da flora, entre outros”, destacou, explicando que o projeto deve durar dois anos.

Patrícia disse que um projeto maior, com dez anos de duração, para preservação da espécie, deve ser iniciado assim que o grupo arrume patrocínio. “Vamos tentar ligar os fragmentos da floresta existentes com o plantio de mata nativa formando corredores. Assim iremos garantir no mínimo a perpetuação da espécie”, explicou. Também serão levadas informações sobre a importância dos animais aos moradores próximos.

Maior

O muriqui é conhecido como maior macaco das Américas por poder chegar a medir até 1,5 metro, da cabeça até a ponta da cauda. Normalmente ele chega a pesar entre 13 e 15 quilos. É herbívoro, alimentando-se preferencialmente de folhas.

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