Litoral lota e enfrenta os mesmos problemas

O tempo foi generoso com quem resolveu passar o fim do ano no litoral do Paraná. Os termômetros chegaram a marcar 35 ºC. Mas além do tempo bom, os veranistas tiveram que ter muita paciência, pois como o número de pessoas que desceu às praias foi de cerca de 1,5 milhão, houve filas e congestionamentos em todos os balneários. Além disso, os veranistas tiveram que conviver com antigos problemas, como a falta de água, acúmulo de lixo e pouca infra-estrutura.

Em Pontal do Paraná, o principal problema é a rodovia PR-412, único acesso para chegar nos balneários do município, de Praia de Leste a Pontal do Sul. Os 20 km de estrada ficam congestionados, e além do turista, inviabiliza o trânsito de veiculos de serviços essenciais como coleta de lixo e ambulâncias. Os pedestres também têm muita dificuldade para cruzar a via, a acabam arriscando a vida correndo na frente dos carros.

De acordo com o secretário de Obras e Serviços Públicos de Pontal do Paraná, José Antônio Coelho, há muito tempo o município pede ao governo do Estado a duplicação da via, já que se trata de uma rodovia estadual e a Prefeitura não tem competência legal para realizar obras no local. Como isso não aconteceu, o município elaborou, no ano passado, um projeto que previa a construção de rótulas e áreas de circulação nas entradas dos balneários. “Mas também não tivemos resposta do governo sobre esse projeto, e mais uma temporada chegou e estamos com o mesmo problema de congestionamento”, disse Coelho.

Navios

Outra alternativa que viria desafogar a PR-412 seria a construção de uma estrada multimodal, de cerca de 20 km, paralela à 412, com intersecções e binários. Além de aliviar o tráfego, a pista servirá de acesso ao terminal portuário que deverá ser construído na localidade de Pontal do Sul. “Esse terminal não será criado para competir com o Porto de Paranaguá, mas sim, uma alternativa para o escoamento da produção do Paraná, e geração de mais divisas ao Estado”, afirmou. Ele adiantou que já existem grupos internacionais interessados em investir no projeto.

Com a construção desse terminal, Pontal do Paraná também espera atrair para o litoral do Estado os navios internacionais de turismo, que passam por São Paulo em direção do Nordeste. Segundo o secretário, cada navio transporta cerca de cinco mil turistas por ano, que gastam em média US$ 200 por dia no País. “Temos potencial turístico para atender a esses visitantes, pois além das belas praias, temos uma área de restinga e Mata Atlântica preservada que pode muito bem ser explorada dentro de turismo sustentável e consciente. Mas para isso acontecer é preciso aumentar nossa arrecadação, e muito está ligado a questão das estradas”, ponderou Coelho.

Aterro

O secretário de Obras e Serviços Públicos afirma que esses projetos só darão certo se o governo do Estado for parceiro. Coelho diz que existe uma grande expectativa com a nova administração que assumiu o governo do Paraná. “Já estamos fazendo a nossa parte, cabe agora ao governo também fazer a parte que compete a eles”, disse. Nesse sentido, afirmou Coelho, o município já vem investindo em melhorias no município. Um deles foi a construção do aterro sanitário, que eliminou a área do lixão que existia em Sangri-lá.

Instalado em junho de 2000, através de um consórcio entre os municípios de Pontal do Paraná e Matinhos, o aterro recebe por dia 25 toneladas de lixo ? na temporada de verão isso passa para 250 toneladas dia. Instalado em uma área de 114 mil metros quadrados, o aterro conta com duas lagoas de tratamento, e um lago de polimento tratado, que reúne várias espécies de peixes. O local também serve de espaço para atividades de educação ambiental. “Recebemos aqui alunos das escolas do município, que além aprender sobre o tratamento adequado do lixo, tem a oportunidade de encontrar diversas espécies de animais silvestres que habitam o local”, finalizou o secretário.

Comércio festeja e cobra infra-estrutura

Rosângela Oliveira

Apesar de comemorarem o grande número de turistas que estão no litoral de Pontal do Paraná, os comerciantes reclamam da falta de infra-estrutura para receber melhor os veranistas. Os congestionamentos na PR-412 lideram as broncas.

Para o comerciante de artefatos de cimento Agabio Azevedo de Abreu, que há doze anos mora em Pontal, esse deverá ser o melhor ano das últimas quatro temporadas. “Tem muita gente que desceu pra cá, principalmente do Norte do Estado, que geralmente não era comum ver por aqui”, disse. Mas apesar do movimento, Agabio lamenta que o turista vai encontrar filas e congestionamentos, o que acaba fazendo com que não volte mais em outras temporadas. “Levei mais de uma hora para percorrer entre Praia de Leste e Pontal do Sul. Mas quando dá um acidente, a estrada pára. Isso atrapalha o movimento”, reclamou.

A alta do pedágio e a falta de manutenção da orla marítima deverá afugentar o turista das praias do Paraná, acredita a proprietária de uma farmácia na PR-412, Anni Raquel Goulart. “A gente fez um grande investimento na farmácia para receber melhor as pessoas mas a cidade não ajuda. Eles poderiam pelo menos duplicar a via para facilitar o trânsito”, disse. Já o lojista Carlos Antônio Zehnder garante que vai transferir seu negócio para Santa Catarina. “Vou fazer como muitos turistas paranaenses que estão trocando as praias do Paraná pelas de Santa Catarina. Tenho loja em Ipanema, mas vou para Itapoá, pois lá existe mais infra-estrutura”, disse.

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