Liceus de ofício formaram 35 mil em 2002

Cerca de mil alunos participaram, na noite de sexta-feira, na Ópera de Arame, em Curitiba, da cerimônia de encerramento dos cursos dos liceus de ofício em 2002. Os alunos presentes representaram os 35.702 formandos da rede de 30 liceus distribuídos nos mais diversos pontos da cidade. No ano passado, 27 mil alunos passaram pelos liceus.

O diploma foi entregue a um representante de cada regional, simbolizando todos os colegas. Na cerimônia, foram apresentados vídeos com depoimentos de recém-formados e também de profissionais que, depois de fazer cursos nos liceus, conseguiram melhoria na qualidade de vida.

Um desses exemplos é Gil Mário Gimenes, de 41 anos. Bancário por 23 anos, decidiu, no ano passado, que não queria mais ser empregado. Procurou o Liceu de Ofícios do Boqueirão e inscreveu-se nos cursos de panificação e panetones. “Minha vida mudou completamente depois desses cursos. E para melhor”, conta.

Há quatro meses, Gil Mário é o dono da Panificadora e Confeitaria da Pracinha, no bairro do Uberaba, onde mora. A panificadora foi construída enquanto ele fazia os cursos. Funciona das 6h30 às 21h, de domingo a domingo. “Há bastante trabalho a fazer, mas vale a pena”, conta.

No início, Gil Mário fazia quase tudo sozinho: fazia os pães, tortas e salgados, cuidava do caixa e da administração. “Era muito pesado. Cheguei a emagrecer 10 quilos.” Agora, já tem duas pessoas para ajudá-lo a fazer os pães e tortas. “Fico só no caixa e na administração.”

O pão que ele ensinou a fazer já fez fregueses no bairro. Uma das mais assíduas é Cleunice da Silva, de 41 anos. “Venho aqui pelo menos duas vezes por dia, porque os meus filhos sempre pedem para que eu pegue os pães quentinhos.” A freguesa é, também, amiga de infância. Quando fizeram o ginásio, os dois economizavam na passagem de ônibus – passavam juntos na roleta – para poder comprar um sanduíche, que dividiam no recreio. “Fico feliz que ele, agora, tenha a panificadora e seja seu próprio patrão”, afirma Cleunice.

Cursos

Gerenciados pela Fundação de Ação Social (FAS), os 30 liceus de ofícios oferecem 580 cursos profissionalizantes, definidos em função das características de cada região da cidade e da demanda dos alunos. Os cursos preparam pessoas -com baixa escolaridade e pouca qualificação profissional, desempregados, pessoas com necessidades especiais, jovens candidatos ao primeiro emprego, a partir de 16 anos ? para o mercado de trabalho, com qualificação técnica em diversas áreas. Os mais procurados são informática, panificação, confeitaria, idiomas para hotelaria (inglês e espanhol), portaria, marcenaria, pátina e restauro de móveis, costura industrial, cabeleireiro e manicure.

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