Lapianos comemoram hoje o Cerco da Lapa

República Federativa do Brasil. O nome oficial do País só é este, graças a uma pequena cidade de 42 mil habitantes a 70 quilômetros de Curitiba. A histórica cidade da Lapa teve participação decisiva para a consolidação da república no Brasil. Hoje, os moradores da cidade vão se reunir para comemorar o 109.º aniversário do episódio que ficou conhecido como Cerco da Lapa. Durante o cerco, os lapianos comandados, heroicamente pelo general Antônio Ernesto Gomes Carneiro, impuseram resistência durante 26 dias aos federalistas vindos do Rio Grande do Sul com destino ao Rio de Janeiro- então capital do Brasil. O movimento objetivava derrubar Marechal Floriano Peixoto e acabar com a república, mas a resistência da Lapa fez com que os federalistas se enfraquecessem e culminou com a ruína do movimento.

Fazem parte das comemorações de hoje uma cerimônia cívico-militar no Panteon dos Heroes, quando será descerrada uma placa em homenagem a João Antônio Ramalho. Em seguida será feito o lançamento do livro Lapa – Memória de um “guri? (em tempo de guerra), de Átila José Borges.

O Cerco

Durante os 26 dias de luta armada a cidade da Lapa foi quase destruída. Porém, a coragem e a determinação em não se render mostrada pelos lapianos não era privilégio dos militares. Em 15 de janeiro de 1894, o general Carneiro conformado com a situação convidou todas as famílias a retirarem-se da cidade num trem que mantinha preparado. As senhoras da cidade, impossibilitadas de levar seus maridos, irmãos, noivos e filhos, resolveram não ir e correr os mesmos riscos durante o período de luta. Na época a Lapa tinha aproximadamente 200 casas dispostas ao longo de apenas 4 ou 5 ruas. Os combatentes formaram uma legião de 639 homens, entre militares e civis. Número pequeno, todavia bravo, para combater cerca de três mil federalistas.

Depois de muitas batalhas onde os federalistas tomaram vários pontos da cidade, como o próprio cemitério, as vítimas da guerra estavam sendo colocadas numa vala comum, embaixo do assoalho da igreja. Antes de chegar à Lapa, os revoltosos já haviam tomado Paranaguá, Tijucas do Sul e Curitiba.

A Lapa caiu apenas com a morte do general Carneiro. Na noite de 6 para 7 de fevereiro, Carneiro tentou socorrer o tenente Henrique dos Santos, atingido no peito, porém também foi atingido por uma bala que atravessou o estômago e o fígado. O general foi socorrido, resistiu mais um pouco, mas às 18h30 de 9 de fevereiro de 1894 veio a falecer. Em reunião com oficiais e considerando a impossibilidade de resistência, a precária situação da tropa e da população da cidade, já sem alimentos, aceitaram discutir com os federalistas as cláusulas da capitulação. Na mesma tarde, a força legal foi desarmada e a praça ocupada pelos maragatos (como eram chamados os federalistas).

Mesmo vencida, a Lapa causou discórdia no movimento, que não seguiu para São Paulo como era previsto. Enquanto a Lapa resistiu, deu tempo ao Marechal Floriano de organizar forças para defender São Paulo, daí a desistência dos maragatos.

Os restos mortais do general Carneiro, coronel Amintas de Barros Braga, coronel Dulcídio Pereira, tenente-coronel Joaquim Resende Corrêa de Lacerda e de outros heróis da república estão no Panteon dos Heroes.

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