Brasília – O Ministério da Saúde lançou anteontem uma ampla campanha para sensibilizar a população sobre a importância do teste de diagnóstico do vírus HIV, causador da aids. A meta é aumentar em 150% o número de testes realizados anualmente no país, dos atuais 1,8 milhão para 4,5 milhões até o ano de 2006. Estima-se que dos cerca de 600 mil portadores do HIV no Brasil, 400 mil desconheçam sua situação sorológica. Estes, além de não se tratar, podem colocar em risco a saúde de outras pessoas. Sob o slogan Fique Sabendo, a campanha está na TV, no rádio, revistas, estações de trem e de metrô, de hoje ao dia 18 deste mês.
? Nos canais abertos de televisão, serão exibidos dois filmetes, cada um com 30 segundos de duração. As rádios vão veicular sete spots simulando programas em que os ouvintes telefonam para um médico que fala da importância do teste de HIV e do uso de preservativos nas relações sexuais. Entre as pessoas que ligam para o médico e recebem orientação estão um pai preocupado com o filho, uma profissional do sexo, uma gestante e uma mulher casada.
Nas revistas, a campanha trará fotografias de um homem e de um casal carregando pianos acompanhadas de frases que alertam para a importância dos testes de diagnóstico. As mesmas fotos estarão no interior dos trens e em painéis das estações ferroviárias da cidade do Rio. Em São Paulo, as imagens vão estar em painéis nas plataformas do metrô. A campanha envolve ainda a distribuição de folhetos com orientações para profissionais do sexo, de adesivos para banheiros e de fluxogramas sobre detecção do HIV e manuais de aconselhamento para médicos e outros agentes da área de saúde.
A logomarca da campanha traz um sinal de positivo e um de negativo como se fossem os olhos de uma pessoa. Abaixo, uma boca sorrindo e a frase Fique Sabendo. A marca quer enfatizar a importância da testagem. Ou seja, mesmo se o exame tiver resultado positivo, o brasileiro tem hoje todas as condições de manter sua qualidade de vida, já que o governo federal fornece medicamentos gratuitos para tratamento da aids. A logomarca foi lançada em fevereiro, durante a São Paulo Fashion Week, após ser escolhida em concurso.
Os exames de HIV, gratuitos, são feitos em 247 centros de testagem e aconselhamento e nas unidades básicas do Sistema Único de Saúde (SUS) espalhados por todos os estados. O resultado do teste é fornecido ao portador com todo o sigilo, respeito e acompanhamento psicológico. Para atender ao aumento da demanda por exames, provocado pela campanha de sensibilização, o Ministério da Saúde vai destinar R$ 15 milhões para que estados e municípios ampliem sua capacidade laboratorial. Os recursos são do Fundo de Ações Estratégicas e Compensatórias (Faec) e, a partir de 2004, vão se somar à verba federal de R$ 34 milhões que estados e municípios recebem anualmente para a realização dos exames.
O ministério está investindo também na capacitação profissional. Já foram realizados treinamentos em dezessete laboratórios centrais de saúde pública. As centrais agirão como multiplicadores desse processo e irão capacitar os profissionais dos laboratórios municipais. Profissionais de outros dez laboratórios centrais serão treinados durante a próxima semana.
Na área de tratamento da aids, o SUS tem a seguinte rede: 381 serviços ambulatoriais especializados; 79 hospitais-dia; 53 serviços de assistência domiciliar terapêutica; 375 hospitais convencionais; 1.126 serviços de atendimento às DSTs.
Agência do Paraná criou filmes
A campanha que será veiculada nacionalmente a partir de hoje foi criada pela agência Master Comunicação, de Curitiba, e é composta de dois filmes, um genérico e o outro dirigido especialmente às mulheres com parcerias fixas, faixa de público em que a aids vem avançando com a maior intensidade. Materiais para profissionais de saúde, como folder, cartazetes, manual de aconselhamento e broadside com informações sobre a campanha já começaram a ser distribuídos em todo o País, em uma operação complexa que envolve as coordenadorias estaduais de aids. Também foram produzidas peças para a população em geral: adesivo de papel, adesivo para banheiro, folder e cartazes para postos de saúde. Para os profissionais do sexo (travestis e garotas de programa) foram feitas filipetas. Outro público que mereceu uma estratégia específica foram os homossexuais e os bissexuais, para quem foram produzidos e disponibilizados cartões postais gratuitos, dispostos em bares e casas noturnas.
A campanha de mídia para o público em geral utiliza uma linguagem simples e objetiva. Nela, a campanha estará marcada pelas imagens de pessoas carregando pianos, acompanhadas da frase: “Tire o peso da dúvida. Faça o teste do vírus da aids.” As peças destacam, com grande impacto visual, como a dúvida atrapalha o cotidiano das pessoas ressaltando, no texto, que o teste é fácil, sigiloso e gratuito. A assinatura é: “Faça o exame de aids. É gratuito e sigiloso.”
Filmes
Nos filmes Piano e Casal com Piano, são mostradas imagens de um jovem e de um casal, respectivamente, carregando um piano nas costas. Eles tentam agir de forma natural, mas não conseguem. O peso emocional, representado pelo instrumento, impede que façam qualquer atividade com facilidade. Outras pessoas aparecem com o mesmo objeto nas costas. A idéia central é: transou sem camisinha, faça o exame. Ele é gratuito e o resultado é sigiloso. As peças levam o conceito: “Fique sabendo: o exame de aids é um direito seu.”