O Laboratório Central do Paraná (Lacen/PR) lançou nesta sexta-feira (5) em Curitiba o documentário “A Saga do Phytobacter”, que retrata a descoberta de uma nova superbactéria rara e a correção de um erro de identificação em outra. A produção mostra os bastidores de uma investigação científica inédita que está influenciando protocolos de diagnósticos no Brasil e no mundo.

continua após a publicidade

O trabalho científico, coordenado pelo cientista Marcelo Pillonetto, teve início em 2013 durante um surto de sepse associado à Nutrição Parenteral Total (NPT) contaminada, que causou a morte de 15 bebês prematuros e adoeceu outros 65 no Brasil. Inicialmente, os testes indicaram a presença da bactéria Pantoea, mas inconsistências levaram a equipe do Lacen a investigar mais a fundo.

Após anos de análises, investimentos em tecnologia de ponta e cooperação com a Universidade de Zurique, em 2018 os pesquisadores confirmaram que se tratava na verdade do agente Phytobacter diazotrophicus. Além disso, uma nova espécie “irmã”, a Phytobacter ursingii, foi identificada e descrita.

Impacto na saúde pública

A descoberta tem implicações significativas para a saúde pública. Em 2023, a espécie foi incluída em bancos de dados de equipamentos de última geração, como a Espectrometria de massa (MALDI-TOF). Isso permite diagnósticos mais precisos e imediatos, além da escolha do antibiótico correto em casos de infecção generalizada.

continua após a publicidade

Como parte de uma iniciativa estratégica para a segurança sanitária nacional, o Lacen distribuiu em novembro deste ano amostras da superbactéria rara Phytobacter diazotrophicus para cerca de 300 laboratórios em todo o País. Essa medida visa fortalecer o enfrentamento à resistência antimicrobiana, permitindo que instituições atualizem seus bancos de dados e aprimorem métodos de identificação e diagnóstico de infecções graves.