Justiça encerra a greve no Hospital de Clínicas

Os servidores celetistas que estavam em greve desde segunda-feira no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná voltaram ontem às atividades, seguindo determinação do juiz-presidente do Tribunal Regional do Trabalho, Lauremi Camaroski. A decisão do magistrado foi baseada no argumento da direção do HC de que a greve estaria pondo em risco os pacientes.

O sindicato da categoria recorreu da ação. Também ontem a comissão patronal de negociação se reuniu com o reitor da UFPR, Carlos Moreira Júnior, para analisar a possibilidade de aumento nos valores da proposta de reajuste salarial. De acordo com o diretor-geral do hospital, Giovano Loddo, os advogados do Sindicato dos Trabalhadores do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral (Sinditest) apresentaram na reunião do Conselho Universitário, realizada ontem pela manhã, uma nova proposta de reajuste e à tarde, a comissão patronal e o reitor analisaram a possibilidade. O dinheiro pago hoje em horas-extras seria usado para o reajuste, através da criação de um banco de horas. Mensalmente são gastos R$ 87 mil reais nesse serviço.

Loddo diz não entender a posição do sindicato já que a comissão patronal já havia apresentado uma proposta de estudos sobre o assunto e não foi aceita. Hoje, a comissão vai analisar a forma e os valores que vão poder ser repassados. Segundo Loddo, nem todo o dinheiro poderá ser destinado ao reajuste. Amanhã a decisão será apresentada ao Sinditest.

Confusão

A reunão foi precedida por muito bate-boca e gritaria. Os servidores saíram de uma assembléia, por volta das 11h de ontem, e foram para o prédio onde acontecia uma reunião do Conselho Universitário. Os grevistas só permitiram que as pessoas que estavam na reitoria deixassem o local depois que o reitor aceitou receber uma comissão de servidores.

Os servidores queimaram uma camiseta utilizada na campanha para reitor da chapa encabeçada por Moreira, e foram trancar a única porta de acesso ao prédio. O presidente do Sinditest, Antônio Néris, chegou a pedir para alguns grevistas fazer ?plantão? ao lado do carro do reitor para impedir que ele saísse.

Quando os advogados do sindicato tentavam explicar para os servidores os encaminhamentos que seriam feitos durante à tarde – já que a direção do HC conseguiu na Justiça a volta imediata dos grevistas ao trabalho -, Néris iniciou um bate-boca com um professor que estava dentro do prédio. Depois de acalmados os ânimos, uma comissão com dezesseis servidores foi recebida por Moreira e outros membros do Conselho Universitário.

Impasse

O principal conflito entre os funcionários e a UFPR está no reajuste salarial de cerca de 1.300 servidores celetistas, contratados através da Fundação da Universidade Federal do Paraná para o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e da Cultura (Funpar). Eles pedem um reajuste de 18,75%, mas a direção do HC afirma que só pode repassar cerca de 7% – que significa R$ 100 mil a mais do que é pago hoje. O sindicato continua insistindo que o HC tem condições financeiras de avançar nessa proposta.

O presidente do Sinditest chegou a denunciar que um médico do HC estaria cobrando por cirurgias feitas no hospital, e que denunciaria o caso ao Ministério Público Federal. Alguns conselheiros da UFPR pediram provas da denúncia e afirmaram que se o hospital estiver dando prejuízos para a instituição, seria melhor fechar as portas.

Quando Moreira deixava o prédio, nova tensão se formou. O reitor ameaçou desmarcar a reunião se sofresse algum constrangimento. Porém os servidores se dispersaram sem provocar novo tumulto.

Justiça

A direção do HC obteve na Justiça uma decisão que determina o retorno imediato dos funcionários em greve. A decisão, assinada pelo juiz-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Lauremi Camaroski, se baseia no argumento da direção de que os serviços essenciais não estariam sendo mantidos. O juiz determinou ainda multa diária de R$ 500 mil ao sindicato da categoria pelo descumprimento da medida.

O advogado do Sinditest, Paulo Henrique Vieira, afirmou que iria recorrer da decisão.

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