“Conciliar é preciso”. A frase do desembargador Carlos Hoffmann, presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, surgiu na abertura da Semana Nacional de Conciliação – Meta 2, idealizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

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A cerimônia aconteceu ontem, em Curitiba. As conciliações são maneiras eficazes de solucionar processos parados há algum tempo nas instâncias judiciárias. Até a próxima sexta-feira, somente no Paraná, está prevista a realização de 4,5 mil audiências sobre processos distribuídos antes de 31 de dezembro de 2005. Esse é o alvo da Meta 2, que faz parte da relação de intenções do CNJ.

A Semana Nacional de Conciliação conta com as atividades do Tribunal de Justiça do Estado, Justiça Federal, Tribunal Regional Federal da 4.ª Região e Tribunal Regional do Trabalho do Paraná.

No âmbito federal, a maioria dos processos distribuídos antes desse prazo e que entram na pauta de conciliações está concentrada na Vara do Sistema Financeiro de Habitação, onde estão previstas 53 conciliações.

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Participam também, em Curitiba, as varas federais cíveis, de execuções fiscais, ambiental e previdenciária. Na Justiça do Trabalho, a Meta 2 engloba 500 processos protocolados nas Varas do Trabalho, sendo metade apenas em Curitiba.

As audiências de conciliação vão acontecer nas 83 varas de todo o Paraná. No segundo grau de jurisdição, a Meta 2 está integralmente cumprida porque não existem mais processos anteriores a 2005 no Tribunal Regional do Trabalho. Já a Justiça Estadual possui 170 mil ações que se enquadram na Meta 2.

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As conciliações devem permear o Judiciário, mas a definição de metas ajuda na mobilização e no comprometimento de juízes, servidores, advogados e de todos os elementos envolvidos neste trabalho.

Como a conciliação traz rapidez na resolução do caso, ela tornou-se uma ferramenta para atender os anseios da população brasileira, que clama por uma Justiça bem menos morosa.

“Ainda existem dificuldades e falta de estrutura. Mas precisamos assumir nossas responsabilidades, para que possamos dar uma resposta à sociedade. Não podemos mais ficar alheios do que a sociedade espera de nós. Todos os juízes são servidores públicos e devem prestar contas à sociedade”, comentou o ministro Gilson Dipp, corregedor nacional de Justiça, que esteve presente na cerimônia de ontem em Curitiba.

Ele ressalta que a morosidade judicial não é um problema exclusivo dos juízes. No entanto, acredita que não pode mais ocorrer o que ele classificou de “transferência de responsabilidade para os outros”.

A desembargadora Lélia Samardã, coordenadora em exercício do Movimento pela Conciliação no âmbito da Justiça Estadual, disse que o encerramento da Semana Nacional de Conciliação, no dia 19 de setembro, deve ser apenas simbólico, porque a conciliação deve fazer parte da rotina do Judiciário.

Para Dipp, a conciliação deveria ser a primeira etapa na tentativa de resolução entre as partes, antes mesmo de se ajuizar a ação. “Hoje, com o CNJ, com a Emenda 45 e as metas, acredito que estamos proclamando a verdadeira república do Judiciário”, afirmou o ministro.