Juízes e Requião discutem Operação Mãos Limpas

A Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) promoveu ontem, no Palácio da Justiça, um encontro entre juízes criminais do Paraná e o governador Roberto Requião. Durante todo o dia, eles discutiram assuntos ligados à violência, drogas e crime organizado. As conclusões servirão para complementar a proposta da Operação Mãos Limpas, que está sendo elaborada pela Amapar a pedido do governador, com base em um projeto semelhante já realizado na Itália.

Segundo Requião, a impunidade e a corrupção avançaram de forma bastante rápida no Paraná, chegam a níveis inaceitáveis e precisam ser combatidas de forma enérgica. “A corrupção está presente em todos os âmbitos da sociedade: temos conhecimento de casos dentro das polícias Civil e Militar e também nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”, afirmou. “Nos últimos dez anos, a administração pública foi desmoralizada e a certeza da impunidade passou a imperar no Estado. Já é hora de darmos um basta nesta situação.”

A união entre o Ministério Público, a sociedade civil e o Judiciário são, na opinião do governador, essenciais para se combater o crime organizado. “É preciso que todos se mobilizem e passem a trabalhar para que o crime organizado perca forças”, declarou. “Só com a fiscalização e o empenho de todos podemos acabar com a desmoralização da administração pública e resgatar a auto-estima de nosso Estado.”

Presente no evento, o presidente da Amapar, Roberto Portugal Bacellar, concluiu ser necessária a criação de um programa de proteção às testemunhas. Ele acredita que a população não vai contribuir com o Ministério Público e o Poder Judiciário enquanto continuar sendo intimidada e ameaçada pelo crime organizado. “Atualmente, quem presencia ou toma conhecimento de alguma forma de corrupção, teme denunciar os responsáveis. As testemunhas se sentem inseguras, pois acreditam que podem sofrer represálias por parte dos criminosos”, comentou.

Já Requião disse que, além do narcotráfico, da banda podre dentro da Polícia Civil e de outros problemas que dizem respeito ao crime organizado, devem-se tomar medidas urgentes para acabar com a lavagem de dinheiro dentro do Estado. O governador deve trabalhar para que haja maior fiscalização na utilização de máquinas caça-níqueis e de casas de bingo em funcionamento no Estado. “No Paraná, a legalização do jogo aconteceu de forma bastante irregular”, diz o governador. “Tanto os bingos quanto as máquinas caça-níqueis são bastante utilizadas pelo crime organizado na lavagem de dinheiro. Anualmente, diversas pessoas acabam sendo lesadas.”

A previsão da Associação do Magistrados era de que até o fim da tarde de ontem, fosse concluído um documento síntese para alertar as autoridades sobre o que acontece na área de segurança pública no Estado. Entretanto isto não foi possível por falta de quórum, portanto o relatório sairá somente na segunda-feira.

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