Jovens também querem ter estatuto

O Brasil já possui um estatuto do idoso e outro da criança e adolescente. Agora está sendo elaborado um documento de igual importância contemplando a juventude brasileira. Segundo o presidente da comissão responsável pelas discussões na Câmara Federal, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), essa parcela da população está em desvantagem em relação às demais. O desemprego, a baixa escolaridade e falta de perspectivas são problemas que precisam ser combatidos. Terminou ontem, em Curitiba, o seminário que vai definir as propostas do Paraná para a definição de uma política nacional para os próximos 10 anos.

“Até agora, o Brasil só deu atenção para os dois lados extremos, mas a juventude ficou de fora”, comenta o deputado. Segundo ele, a taxa de desemprego entre as pessoas com 15 até 24 anos é duas vezes superior a de pessoas com outras faixas etárias. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que são cerca de 3,5 milhões de jovens nessa situação. A baixa escolaridade também é outro problema. Hoje apenas 70% estão concluindo o ensino médio. Muitos abandonaram a escola para trabalhar. Além disso, 15% da juventude não desenvolve qualquer tipo de atividade, não estuda ou trabalha.

Lopes comenta que o governo tem condições de implementar políticas públicas para esse segmento da população. Hoje são gastos R$ 13 bilhões por ano em programas. “Eles são aplicados de modo isolado. Não existe uma avaliação de resultados”, comenta. Segundo o deputado, o documento vai direcionar todas as ações do governo e cobrar da sociedade, estados e municípios a sua efetivação. Ainda não foi definido o nome para o projeto, pode ser Estatuto da Juventude ou Plano Nacional de Políticas Públicas para a Juventude. Em junho, ele deve estar pronto e começa a ser votado na Câmara Federal.

Trabalho

No seminário foi apresentado um trabalho desenvolvido no Paraná e que está trazendo resultados positivos para a fixação do jovem no campo. Trata-se do projeto Casa Familiar Rural. Os alunos ficam uma semana na escola estudando matérias referentes ao ensino de 5.ª a 8.ª séries ao mesmo tempo que aprendem técnicas agrícolas. Depois passam duas semanas na propriedade aplicando o que aprenderam. Segundo Ângelo Luciano Alves, um dos orientadores, na cidade de Figueira (Norte Pioneiro) o projeto reduziu em 50% o êxodo. “Os jovens aprendem a ter orgulho de ser agricultores ao mesmo tempo que conseguem melhorar a qualidade de vida”, explica.

A juventude indígena cobrou mais atenção. Alvaci J. S. Ribeiro, presidente da Associação dos Jovens Universitários do Paraná, fala que as coisas agora estão um pouco melhores para os índios. Há quatro anos nem se falava em sistema de cotas nas universidades. Agora existe a necessidade de ampliar o número de vagas.

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