Jornalista recebe prêmio da SIP

A vocação para o jornalismo investigativo do repórter Mauri König lhe rendeu contratempos, mas também reconhecimento profissional. Ao investigar a prestação de serviço irregular de menores ao Exército e à Polícia Nacional do Paraguai, Mauri foi violentamente agredido, mas vem conquistando vários prêmios pelas duas matérias publicadas em dezembro de 2000 e abril de 2001 em O Estado. Ontem, recebeu a informação que suas matérias Mentiras encobrem crimes nos quartéis e Mãos às armas, meninos! foram agraciadas com o Prêmio Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), na categoria Direitos Humanos e Serviços à Comunidade.

Ele será homenageado durante o 58.ª Assembléia Geral da SIP, em outubro, em Lima, Peru. Mauri já recebeu os prêmios Esso Regional Sul, Embratel Regional Sul e Vladimir Herzoch de Jornalismo, Anistia e Direitos Humanos.

Mauri fez questão em ressaltar a participação da jornalista Patrícia Iunovich (sua parceira na sucursal de O Estado em Foz do Iguaçu na época) para o sucesso das matérias. Na matéria premiada, relatou a morte de 109 meninos (inclusive dois brasileiros) entre 12 e 18 anos, que serviam ao exército paraguaio. Ele gastou cerca de cinco meses para recolher todos os depoimentos. Na sexta vez que Mauri foi ao Paraguai foi quando aconteceu o incidente, enquanto o fotógrafo Nilton Rolinficou revelando filmes. “Simulando uma blitz da polícia me pararam e me espancaram. Só sobrevivi porque me fingi de morto”, lembrou o jornalista, que teve mais de cem hematomas pelo corpo.

Investigação

Mesmo depois de passar por maus momentos no exercício de seu trabalho, Mauri não perde a paixão pela profissão. “Claro que hoje tenho um pouco mais de receio, mas não posso me intimidar”, ressaltou. Hoje ele leciona numa faculdade de letras, trabalha com assessoria de imprensa em Foz, além de ser free lance de O Estado de S. Paulo.

Durante a cerimônia de entrega do Prêmio Esso, no Rio , ele teve a oportunidade de conhecer o repórter Tim Lopes, da TV Globo, recentemente assassinado por traficantes, quando fazia uma reportagem investigativa sobre prostituição infantil em bailes funk. “Tive mais sorte do que ele”, disse Mauri, em tom de lamento pela morte do companheiro de profissão.

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