Iraí: resultado das pesquisas sai hoje

A Sanepar apresenta hoje e amanhã os resultados das pesquisas que vêm sendo realizadas na Barragem do Iraí. Especialistas de várias áreas estarão em Curitiba para discutir os problemas de eutrofização de águas em abastecimento público. Eutrofização é o processo de degradação que ocorre na água de lagos e barragens, sendo que uma de suas conseqüências é o surgimento de algas. Além dos paranaenses, participam técnicos do Rio Grande do Sul, Minas, Goiás e Rio. O 4.º Seminário do Projeto Interdisciplinar de Pesquisa em Eutrofização de Águas de Abastecimento Público será promovido no auditório do Centro de Ciências Florestais e da Madeira, no campus Jardim Botânico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), das 8h às 17h30.

As investigações científicas na Barragem do Iraí estão sendo feitas pelo Projeto Interdisciplinar de Pesquisa em Eutrofização de Águas de Abastecimento Público, uma das 33 ações que a Sanepar desenvolve na região, em parceria com outras instituições. “Atualmente se conhece muito mais sobre o Iraí”, explica a diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Maria Arlete Rosa. “Sabe-se que a floração de algas pode ocorrer a qualquer momento. No entanto, com o conhecimento acumulado nos últimos anos, é possível reduzir seus impactos ambientais.”

Desde 2001, mais de sessenta pesquisadores do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), Suderhsa, Sanepar, UFPR, PUC (Pontifícia Universidade Católica) e Museu de História Natural e Funpar estão estudando a dinâmica do processo de eutrofização e, durante o seminário, serão apresentadas propostas para a aplicação prática dos resultados, para a melhoria das condições ambientais.

No total serão apresentadas oito palestras que demonstrarão os principais resultados dos núcleos temáticos e 27 trabalhos científicos em forma de pôsteres, produtos desse projeto. Haverá também duas mesas-redondas sobre eutrofização e sobre o surgimento de algas. O resultado das pesquisas serão transformados em livro a ser lançado em julho de 2004.

Entre os especialistas, considerados os mais destacados do País, participam do seminário Francisco Barbosa, da Universidade Federal de Minas, Fábio Roland, da Federal de Juiz de Fora, Luís Maurício Bini, da Federal de Goiás, João Yunes, da Federal do Rio Grande do Sul, e Sandra de Oliveira e Azevedo, da Federal do Rio.

Outras ações

Além das pesquisas, estão em andamento outras ações que a Sanepar desenvolve, em parceria com instituições públicas estaduais e municipais, para despoluir a Bacia do Rio Iraí. A Barragem do Iraí, assim como os demais mananciais da RMC, é rasa e com período de residência da água muito longo. Esses dois fatores, associados à incidência da luz e a entrada de nutrientes nos lagos, tornam o ambiente propício para a proliferação de algas.

Entre as ações preventivas em andamento na Bacia do Iraí estão o diagnóstico das ligações irregulares de esgoto e a correção das mesmas; execução de 8.500 m de rede coletora; instalação de barreiras para limpeza dos rios; remoção do lixo; intensificação do Programa de Educação Ambiental; reflorestamento de mata ciliar; uso e manejo adequado do solo; recuperação das nascentes, e monitoramento da qualidade da água.

RMC tem disponibilidade restrita

A restrição da disponibilidade de água será o principal fator limitante do desenvolvimento da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A posição geográfica da região, muito próxima à Serra do Mar, onde se localizam as cabeceiras dos principais cursos d?água, não permite grande acúmulo de água nos rios. Como a região apresenta um dos maiores crescimentos do País, há forte aumento da demanda, agravado pela pressão que causa sobre os mananciais, resultando na degradação da qualidade da água.

Para suprir a demanda está em curso um programa de obras de infra-estrutura sanitária, onde se destaca a construção de um conjunto de barragens que tem por objetivo regularizar as vazões dos rios, armazenando as águas dos períodos mais chuvosos para que sejam aproveitadas nas épocas de estiagem. Ocorre, contudo, que pelas características geomorfológicas da região, todas as barragens já construídas, assim como as planejadas, apresentam pequena profundidade média e grande período de residência da água, definindo uma grande suscetibilidade ao processo de eutrofização. Essa suscetibilidade natural é agravada pela pressão ambiental sobre esses mananciais, que transporta para esses reservatórios os nutrientes necessários para o desenvolvimento anormal de algas.

A eutrofização pode causar problemas no abastecimento, pois as cianobactérias podem produzir compostos que causam odor e sabor água, como a geosmina e metilisoborniol, como ocorreu nos dois últimos anos, na Barragem do Iraí, que abastece cerca de dois terços da população de Curitiba. Além disso, algumas cepas de algas são capazes de formar toxinas, como as microcistinas, saxotoxinas, cilindropermopsinas. A Sanepar tem monitorado cuidadosamente a água distribuída e até hoje não foram encontradas cianotoxinas na água distribuída.

A RMC terá que conviver com o fenômeno da eutrofização e, para enfrentar a situação o governo do Estado está desenvolvendo ações conjuntas para o controle do fenômeno, envolvendo várias instituições, como universidades, municípios e organizações da sociedade civil. Após o planejamento dessas ações, estão sendo promovidas reuniões de acompanhamento e revisão das atividades. Esse esforço coletivo é capaz de minimizar o problema, contudo não é possível acabar com o risco de novas florações.

Santa Helena terá 100% de esgoto tratado

Santa Helena, no Oeste do Estado, deverá ser a primeira cidade do Paraná a ter 100% da coleta e tratamento de esgoto. Um convênio firmado pela Sanepar e a Prefeitura prevê a ampliação do sistema de esgoto da cidade em 10 mil metros de rede coletora. Atualmente, o município tem 85% de coleta e tratamento de esgoto e 100% de atendimento com água tratada. A ação faz parte do plano de metas da empresa, que já universalizou o tratamento de água no Paraná e caminha para a totalidade do tratamento de esgoto.

A parceria, firmada na sexta-feira (14), soma um investimento de R$ 392 mil, e a Sanepar será responsável pelos projetos e materiais, enquanto a Prefeitura fornecerá a mão-de-obra. O convênio prevê a construção de uma estação elevatória, que fará a transposição do esgoto coletado para a estação de tratamento do município. Serão instaladas cerca de quinhentas ligações, que atenderão uma média de oitocentas famílias de conjuntos populares do município.

Segundo o gerente de Operações da Sanepar, José Antônio Uba, as obras devem começar no início do ano que vem. “Os projetos já estão concluídos, faltando apenas a licitação”, disse.

“Essas obras significam mais trabalho para os moradores da cidade e, com certeza, um grande investimento na saúde preventiva da população”, afirmou o prefeito Silom Schimidt.

O investimento na rede de coleta e tratamento de esgoto representa um ganho de qualidade na saúde dos moradores. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a cada real investido em saneamento básico, são economizados outros cinco em internamentos hospitalares.

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