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Invasão que começou com 150 famílias já tem 4 mil pessoas

Localizada entre a Rua Francisca Beraldo Paolini e a Estrada Delegado Bruno de Almeida, no bairro da Caximba, região sul de Curitiba, a invasão 29 de Outubro recebeu este nome em homenagem à data em que chegaram as primeiras 150 famílias ao local. No ano de 2010, cerca de 500 pessoas invadiram a área com o objetivo de conseguir um local para morar, sem ter que pagar mais aluguel. Hoje são mais de mil famílias e cerca de 4 mil pessoas morando na localidade.

O terreno, que tem 261.965 m² e pertence à Petrobras e ao Governo do Estado do Paraná, é pantanoso devido às cavas localizadas nas proximidades e por isso o piso é úmido. As casas, todas construídas de madeira, ficam elevadas já que em dias de fortes chuvas a água sobe e invade as residências. Para deixar o terreno mais firme, os moradores da invasão 29 de Outubro juntam dinheiro e de tempos em tempos compram entulho das construções para espalhar por toda a área.

“Sempre que precisamos de alguma coisa pra nossa vila, batemos na porta das casas para pedir dinheiro. E cada um dá o que pode. Assim já fizemos muita coisa e ainda vamos fazer mais”, conta Antônio Negrão, o Toninho, presidente da Associação dos Moradores.

Vida própria

As mudanças citadas por Toninho não são poucas. Em pouco menos de dois anos, o terreno pantanoso se transformou em uma pequena comunidade com vida própria. Ao longo da localidade, existem 16 ruas e duas avenidas abertas com dinheiro dos próprios moradores. Eles se cotizaram e alugaram as máquinas para a execução das obras. Todas as vias são de barro misturado ao entulho.

Graças às duas ligações da Sanepar localizadas numa rua próxima, todas as casas da invasão contam com água encanada. No entanto, a rede de esgoto e saneamento básico também foi construída através dos recursos dos próprios moradores. A energia elétrica da invasão é toda irregular e as casas contam com os chamados “gatos”. Em horário de pico, a luz cai frequentemente.

Apesar de ser uma área irregular, a invasão já conta com um pequeno comércio. No local é possível encontrar oficina mecânica, eletricista, salão de beleza e um pequeno mercado. Além disso, há uma creche comunitária administrada por voluntários e que atende mais de 30 crianças de 0 a 10 anos. “Quase todo mundo trabalha aqui e era preciso criar um espaço para deixar as crianças. Já que a prefeitura não faz, nós fazemos”, diz Toninho.

Gerson Klaina
Terreno pantanoso obriga o despejo frequente de toneladas de entulho nas ruas da vila. Creche improvisada resolveu o problema de quem trabalha e não tem com quem deixar os filhos.
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