Internet não acabou com hábito de escrever carta

Depois do telefone, internet e e-mail muita gente pensa que o costume de mandar notícias para amigos ou familiares através de cartas postadas virou coisa do século passado. Mas na prática esse costume ainda continua sendo adotado por muitas pessoas.

Em 1994, quando a internet começou a se popularizar no País, o número de cartas e objetos entregues pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) era de 3,4 bilhões. Até o ano passado, esse volume tinha saltado para 9,5 bilhões. No Paraná, o volume transportado chega a 1,5 milhão/dia, sendo 90% de pessoas jurídicas.

O chefe da divisão de imprensa dos Correios, Fausto Weiler, diz que isso não reflete apenas no número restrito de pessoas que têm acesso à internet – cerca de 14 milhão dentro de um universo de 170 milhões -, mas também a necessidade de que documentos, contratos ou bloquetos sejam entregues pessoalmente. “O correio eletrônico facilitou a comunicação, mas ainda não substituiu completamente todos os serviços”, falou Weiler.

A estudante Fabiana de Souza tem acesso à internet, mas mesmo assim, continua mandando cartas via Correio. Ela garante que essa forma de correspondência é a única que tem para mandar notícias para o amigo que mora em Passo Fundo (RS). “Ele é seminarista e aonde mora não existe computador. Se não fossem as cartas, não tinha como me comunicar com ele”, diz. A aposentada Dacila Correa escreve no mínimo uma carta por semana. Os parentes moram na fronteira do Brasil com o Uruguai e ela garante que as cartas ainda são mais baratas que falar ao telefone. “Eu escrevo para meus sobrinhos, e quando alguém demora para responder mando bilhetinhos pedindo a resposta”, revela.

Já a secretária Arlete Fernandes Goulart diz que não está acostumada a escrever cartas ou usar a internet, prefere telefonar. Mas em datas especiais, como aniversário ou Natal, confessa que os cartões sempre vão com um texto maior. “Daí aproveito para contar um pouco mais”, diz. O fiscal Manoel Barbosa da Silva também não usa a internet para se corresponder com a família, que mora no Norte do Brasil. Ele prefere mandar cartas, e garante que em poucos dias sempre recebe uma resposta.

Terminais

Quem não utiliza a internet para enviar correspondências por falta de computador, terá a partir do próxima ano, uma ajudinha dos Correios. A empresa vai colocar à disposição dos usuários de todo o País 5.690 terminais de acesso público à internet, através do projeto e-Post. O objetivo é facilitar para os cerca de 150 milhões de “excluídos digitais” no Brasil tenham contato com as novas tecnologias. Segundo Fausto Weiler, a empresa pretende transpor na área de serviços e mensagens para o mundo digital tudo o que ela já faz no mundo físico.

“Além dos terminais, nós estaremos oferecendo o endereço eletrônico permanente que vai possibilitar que os consumidores recebam e enviem mensagens”, acrescentou.

Para as pequenas e médias empresas está sendo implantado o Shopping Virtual dos Correios, com infra-estrutura tecnológica, comercial e logística para venda de produtos na internet. E aos portadores de deficiência visual e locomotora terão 250 terminais com teclado e sinalização em braille, fone de ouvido e software que possibilita a interação do deficiente com o terminal de acesso.

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