Índios deixam o prédio da Funai

Uma semana depois de ocupar o prédio da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Curitiba, os índios finalmente aceitaram deixar o local e voltar para seus locais de origem. De acordo com o interventor temporário nomeado para a regional Paraná e Santa Catarina, Glênio da Costa Alvarez, a maior parte dos índios deixaria ontem à noite o prédio, enquanto alguns deverão sair apenas hoje. “Vamos finalmente começar a trabalhar”, afirmou Alvarez, referindo-se à sindicância que deverá ser montada para apurar as denúncias feitas pelos índios contra o administrador regional Getúlio Gomes da Silva e seu adjunto, Brasílio Priprá, exonerados na semana passada pelo Ministério da Justiça.

“Estamos bem contentes, porque para nós o objetivo foi alcançado”, declarou o índio Romancio Cretã, da Organização Resgate Crítico da Cultura Indígena de Curitiba e Região Metropolitana (Orccip-Curim), referindo-se ao afastamento de Silva e Priprá. “Nossa esperança é de que a situação melhore”, afirmou. O prédio estava ocupado desde quarta-feira da semana passada. Os índios de diversas etnias – guarani, caingangue, xoclengue e xucuru-cariri – acusavam o administrador regional e seu assessor de atos discriminatórios e de hostilidade, além de suspeita de improbidade administrativa.

A decisão de deixar o prédio da Funai só aconteceu no final da tarde, depois de resolvido o impasse entre lideranças indígenas: enquanto um grupo queria o afastamento de Silva e Priprá – no caso os índios que estavam no prédio da Funai -, lideranças da comunidade xoclengue, de Ibirama (SC), pediam que a exoneração de Priprá fosse revista. É que Priprá faz parte dessa comunidade indígena.

“A exoneração foi mantida pela direção da Funai”, informou Glênio Alvarez, que intermediou as negociações entre as lideranças indígenas. O grupo que luta pela permanência de Priprá no cargo viajaria ainda ontem para Brasília, pedindo para que a exoneração fosse revista, segundo Alvarez.

“Existe a questão política, por isso querem que o Brasílio não seja afastado”, explicou o índio Gilberto Pemba Credo, também da comunidade xoclengue de Ibirama. “Represento 1.328 índios, quase dois terços da comunidade. E a gente quer que o Brasílio continue afastado”, salientou.

Tempo indeterminado

Alvarez não falou sobre o tempo que deverá permanecer frente à regional do Paraná e Santa Catarina. “Pode ser por um mês, dois, um ano. Tudo vai depender da presidência da Funai”, desconversou. Ele disse que serão realizados todos os procedimentos administrativos necessários, por sindicância, e se necessário, será feita uma auditoria. Alvarez contou que conversou com o ex-administrador regional Getúlio Gomes da Silva, exonerado do cargo na semana passada, mas não detalhou o diálogo. “Não estamos aqui para julgar ninguém neste momento”, declarou, acrescentando que o objetivo maior é restabelecer a normalidade na Funai.

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