O Paraná vai ajudar nas pesquisas com células-tronco realizadas em todo o País. Qualquer instituição que tiver necessidade deste tipo de material poderá acionar o Centro de Tecnologia Celular (CTC), inaugurado ontem e implantado por meio de uma parceria entre o Ministério da Saúde e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

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O centro fica dentro do campus Curitiba e vai atender a demanda dos 52 laboratórios que fazem parte da Rede Nacional de Terapia Celular. O Ministério da Saúde está implantando oito CTCs, sendo o de Curitiba o segundo a ser inaugurado.

O investimento federal foi de R$ 3,4 milhões somente no CTC de Curitiba. A contrapartida da PUCPR será a manutenção da estrutura. O centro tem três salas de cultivo celular, onde as células-tronco se desenvolvem.

O local funciona com restrições rígidas, incluindo o controle de movimentação de pessoas e do ar que entra no laboratório. De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Reinaldo Guimarães, o governo federal realizou duas chamadas públicas para projetos nesta área e foram aprovadas 90 pesquisas, que resultaram na formação da Rede Nacional de Terapia Celular.

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“Estes projetos vão gerar trabalhos para serem publicados em revistas científicas, mas seria importante também tratar do ponto de vista voltado para o produto de saúde. E é necessário que este produto tenha boas práticas de fabricação. Com a instalação dos centros de tecnologia celular será possível desenvolver linhagens brasileiras de células-tronco com essas boas práticas”, comenta.

Guimarães explica que, desde 2005, foram aplicados cerca de R$ 80 milhões na pesquisa de células-tronco no País, sendo a metade deste valor custeada pelo Ministério da Saúde. Também participam do repasse de verbas o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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Além de abastecer a Rede Nacional de Terapia Celular, o centro também vai ajudar com células-tronco para as pesquisas do Núcleo de Cardiomioplastia Celular da PUCPR, que está desenvolvendo 36 projetos.

A pesquisa com células-tronco na instituição acontece desde 2000. “Hoje entendemos o mecanismo de funcionamento das células-tronco. Já estamos na segunda geração de células-tronco, que são mais específicas. Dentro de pouco tempo talvez seja possível oferecer as células-tronco como se fossem remédios, que ficarão estocados em hospitais e serão aplicados na fase aguda (inicial) da doença”, explica o coordenador do CTC da PUCPR, Paulo Brofman. Ele acredita que isto pode acontecer entre três e cinco anos.

A instituição atualmente trabalha com pesquisas de células-tronco para doenças neurológicas, trauma medular, Parkinson, Alzheimer e autoimunes (como a diabetes), além de enfermidades do pulmão, fígado e coração.

Guimarães alerta que, com exceção do transplante de medula óssea e da recuperação de cartilagens, tudo o que se refere à células-tronco ainda é experimental.

Ele cita que há médicos dermatologistas oferecendo tratamentos com células-tronco, o que é proibido. Não existe autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para isto.