Igreja dos Capuchinhos agrupa religião e ciência

Uma celebração diferente vem atraindo milhares de fiéis, todas às quintas-feiras, à Igreja dos Capuchinhos, nos Mercês, em Curitiba. Durante a solenidade, as pessoas têm a oportunidade de partilhar energia e, principalmente, se “encontrar” com Deus. Por isso é denominada Celebração de Entre-ajuda.

“Não é uma missa”, ressalta o vigário paroquial, frei Nelson Martins dos Santos. Mas além de técnicas de relaxamento, leitura bíblica e imposição das mãos, há também a comunhão que serve para consagrar a participação e a união. Segundo frei Nelson, mais de 4 mil pessoas assistem as cinco celebrações, realizadas às 9h, 14h30, 16h30, 19h30 e 21h. As pessoas que procuram a igreja nesse dia buscam uma atenção especial, que muitas vezes devido a agitação do dia-a-dia, não é possível numa missa. “Tem uma dinâmica diferente, um atendimento de personalidade”, define o vigário.

Os trinta primeiros minutos são dirigidos por psicólogos, que, com técnicas de relaxamento corporal, preparam as pessoas para o encontro, primeiro consigo e depois com Deus. Uma das psicólogas, Teresinha Martins Ferreira, explica que é uma tentativa de unir a fé e a ciência. “É uma programação para a mente, onde se abre o subconsciente e se encontra o equilíbrio”, explica. Depois, um dos frades faz a proclamação da palavra de Deus, uma reflexão e a comunhão. Logo após a eucaristia, as pessoas são convidadas a darem os seus testemunhos, relatando as graças recebidas. Ao final, é feita a imposição individual das mãos. Cada celebração envolve uma equipe de doze a quinze pessoas. Além de frei Nelson, as celebrações também são feitas por dois outros frades: frei Alvadi Pedro Marmentino (pároco e idealizador) e frei Ovídio Zanini.

Momentos

Conforme relata frei Nelson, a Igreja Católica teve um momento em que algumas pessoas se afastaram para buscar outras filosofias, mas que hoje estão retornando, graças a essa renovação. “Estamos voltando à época de Jesus que impunha as mãos para surdos, mudos e prostitutas, que recebiam a força curadora. A igreja por algum tempo não fez isso”, lamenta, lembrando que, afinal, o próprio papa prega que é preciso “evangelizar com novo ardor missionário”. Essa prática da imposição das mãos, com intuito de abençoar, faz com que as pessoas se sintam bem.

Os fiéis

Há mais de seis meses, a pensionista Regina Ratton freqüenta a Celebração de Entre-ajuda. Ela diz que é espírita, mas que na primeira vez que participou da celebração, depois de muitos anos sem ir à igreja, ficou muito emocionada. “Eu estava há mais de um ano e meio tentando alugar uma casa. E no dia seguinte à celebração, eu consegui alugá-la”, conta. Ela acredita que a somatória de oração, depoimentos e muita fé faz da cerimônia um momento definido como “maravilhoso”.

Denise Andrade, que está desempregada, já participou de pelo menos cinco celebrações. “É muito bom. Só que eu sinto que as pessoas têm o hábito de pedir, até por dinheiro, e esquecem da paz”, observa. Para ela, o momento da celebração significa o encontro com Deus, paz e forças para enfrentar mais uma semana. “A emoção é grande. No começo eu até chorava, mas hoje consigo me controlar”.

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