Até o Exército pode ser convocado para defender o Parque Nacional de Ilha Grande, na divisa do Paraná com Mato Groso do Sul, de um grupo de sem-terra que pretende invadir a área. A chefe do parque, Maudi Nanci Joslin Motta, explicou que um grande esquema de defesa com a presença da Polícia Federal e do Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está vigilante 24 horas por dia para evitar a invasão.

“O Ministério do Meio Ambiente está em contato com o Ministério da Defesa para solicitar a presença permanente do Exército na área. O governo do Paraná também está se mobiliando para evitar a invasão”, relatou Maudi.

A ameaça do parque vem de um grupo de sem-terra, mas sem nenhum vinculo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem aTerra (MST). Essa aglomeração de pessoas, composta por desempregados, ex-ilhéus , entre outros, ameaça invadir e queimar o parque. Eles são conhecidos por Grupo de Xambrê e Vila Alta. Desde 28 de dezembro último estão acampados na Estrada 30, próximo à entrada da Fazenda Jatobá, que dá acesso ao parque. Segundo Maudi, são 107 barracos, mas em média apenas 40 ficam habiatados por dia.

“No último domingo, fomos avisados da ameaça. Depois disso, avisamos o Ibama que contatou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Descobrimos então que essas pessoas já são cadastradas no Incra para reforma agrária”, relatou Maudi. Ela disse que após reuniões com o líder do grupo, Sebastião Rufino dos Santos, ele prometeu invadir e botar fogo no parque para chamar a atenção para seu povo que passava fome. “O governo do Estado os atendeu da maneira que era possível, mas mesmo assim ele continua dizendo que vai queimar o parque”, contou.

O Parque Nacional de Ilha Grande, criado em setembro de 97, é composto por cerca de duzentas ilhas e ilhotas. “É um dos maiores arquipélagos fluviais do planeta”, lembrou Maudi.

Sem-terra retiram gado de fazenda

Não foram necessários os seis dias de prazo concedidos pela Secretaria de Estado da Segurança Pública para que as 48 famílias do Movimento dos Sem Terra (MST) retirassem a criação de gado que mantinham na fazenda São José, em Campina da Lagoa, no Centro-Oeste do Estado. No fim da tarde de anteontem, os sem-terra finalizaram o transporte em caminhões das cerca de quatrocentas cabeças de gado, em cumprimento a um mandado de manutenção de posse. Além disso, os sem-terra também retiraram mangueiras para regar hortas, tanques de água e maquinário agrícola da fazenda invadida.

Aquelas famílias vivem, desde agosto de 2001, em um sítio alugado, vizinho à fazenda, e invadiram a propriedade com a criação e plantação. Parte do gado, em torno de duzentas cabeças, foi vendida para um pecuarista da região, e a outra metade foi conduzida para outra área, que foi arrendada pelos integrantes do movimento. Setenta policiais militares, comandados pelo tenente-coronel José Rigoni Filho, do 11.º Batalhão, de Campo Mourão, acompanharam a operação. Segundo Rigoni, 10 homens da PM com dois carros das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) deverão permanecer na fazenda até amanhã para garantir a tranqüilidade e a ordem na região. De acordo com o coronel Antônio Amauri Ferreira Lima, do Comando de Policiamento do Interior, a operação foi conduzida de forma pacífica.

As famílias estavam utilizando cerca de 70 alqueires da propriedade do agricultor Aloysio Ludwig para cultivar milho, soja e algodão e criar o gado, o que caracteriza a invasão de terras. De acordo com Rigoni, atualmente os integrantes do MST mantém três lotes de plantação de milho na área. “Eles deverão nos comunicar quando forem realizadas as colheitas para que possamos acompanhar o trabalho. Ficou combinado que, no máximo, cinco integrantes do Movimento vão fazer a colheita para evitar confusão”, revelou o tenente-coronel. O apoio do governo do Estado para resolver a situação na fazenda São José ocorreu antes de um conflito iminente. A desocupação pacífica foi iniciada pela Secretaria da Segurança Pública na segunda-feira, quando os integrantes do MST deixaram a área, mas solicitaram três dias para deslocar o gado para outra área, o que foi atendido pela Secretaria. O prazo esgotou-se na quarta-feira, mas as famílias requisitaram mais três dias para retirar os animais.

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