Não são só os motoristas e cobradores do transporte coletivo que se sentem como “palhaços” no imbróglio criado por governo do Estado, prefeitura de Curitiba e empresários do transporte coletivo. O impasse em relação ao subsídio e aos pagamentos deixa a pé 2,2 milhões de usuários diários em Curitiba e região, a partir de hoje. Não há data para o fim do movimento. Na manhã desta segunda-feira, 359 linhas deixaram de circular. Locais que normalmente são cheios no Centro de Curitiba, como a Praça Carlos Gomes e a Praça Rui Barbosa, estavam completamente desertos por volta das 6h. Sem ônibus e sem pessoas.

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O desembargador Benedito Xavier da Silva, do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) determinou que pelo menos 70% dos ônibus devem permanecer em circulação nos horários de pico, entre 5h e 9h e entre 17h e 20h, e 50% da frota circule nos demais horários. Os veículos também devem operar com motoristas e cobradores, além dos mesmos percentuais valerem para as estações-tubo. Mas, logo pela manhã, nenhum ônibus circulava pela cidade.

A razão é que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ânibus (Sindimoc) afirmou, na noite de ontem, não ter sido notificado sobre a determinação.

Frota mínima

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O Sindimoc, até às 12h15 desta segunda, não tinha sido notificado pela Justiça em relação à frota mínima. Por conta desse “atraso”, a prefeitura de Curitiba conseguiu que a multa para o não cumprimento da ordem do TRT-PR passasse a R$ 300 mil por dia. Anteriormente, a multa estipulada era de R$ 50 mil.

O Sindimoc informou ontem que a paralisação é pelo atraso no salário e não repasse de recursos para a saúde, e não tem relação com a campanha salarial. O adiantamento salarial, correspondente a 40% do salário, deveria ter sido pago no dia 20. Porém, segundo o Sindimoc, apenas 20% das empresas cumpriram com suas obrigações até sexta-feira, data-limite fixada pelos funcionários do sistema.

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Na sexta-feira, a prefeitura informou em nota que vai cuidar do pagamento das linhas urbanas e que o Estado deve se responsabilizar pelo pagamento das linhas metropolitanas. Cita ainda que a administração municipal tem arcado sozinha com a manutenção da infraestrutura da Rede Integrada de Transporte (RIT) com um custo em 2014 superior a R$ 30 milhões. Já o Governo do Estado afirmou que tem procurado o município para negociar a readequação e renovação do convênio que permite que a Urbs faça a gestão do RIT e que vai recorrer à Justiça, caso necessário, para que a população “não seja prejudicada por decisões unilaterais da Urbs”.

Negociações

Em entrevista, o presidente da Urbs, Roberto Gregório, informou achar  difícil um diagnóstico sobre o fim da greve na reunião de hoje no TRT. “Acho muito difícil. O sindicato está adotando praticas ilegais furando bloqueios e estourando pneus de ônibus nas garagens. Eles não respeitaram a decisão da Justiça a respeito da frota mínima.”, disse o Gregório em entrevista à Rádio CBN.

Estação-tubo da Praça Carlos Gomes, no Centro, estava deserta às 6h. (Leonardo Coleto)

A Prefeitura afirma que o pagamento dos trabalhadores não foi feito porque a Coor,denação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), desde outubro do ano passado, não faz o repasse do subsídio referente ao transporte metropolitano. A dívida chega a R$ 16,5 milhões. Além disso, a Comec ainda quer reduzir o subsídio metropolitano de R$7,5 milhões por mês para R$2,3 milhões. Sem o pagamento da dívida, a Urbs não renovou o acordo.

Pelo Facebook

O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, se posicionou a respeito da greve de hoje. “Todo esforço neste momento para que o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores cumpra decisão judicial que determina 70% da frota em circulação. Momento é de responsabilidade. Seguimos cadastrando transporte alternativo e disponibilizando frota própria para minimizar efeitos da paralisação”, disse o prefeito.

O comentário, porém veio seguido de muitas críticas de seus seguidores na rede social. “Desculpe Prefeito, responsabilidade é pagar o salário dos trabalhadores, independente do motivo. Empurra-empurra não resolve e só desabona sua gestão. Lamentável a atitude da prefeitura”, disse Rodrigo Padilha após o comentário do político.

Novela

Em nota enviada à imprensa, o Sindimoc rechaçou a falta de dialogo entre os trabalhadores e o poder público. “A indignação tomou conta dos trabalhadores frente ao posicionamento de Prefeitura e Governo do Estado, que se manifestaram apenas via notas em seus sites, sem nenhuma atitude concreta no sentido de resolver o problema de salários atrasados e comprometimento do sistema de saúde que atende 12 mil trabalhadores e seus familiares”, diz o texto.

A entidade acredita que o impasse que impede a resolução da questão está centrada na briga política entre Richa e Fruet, colocando os salários dos trabalhadores em jogo. Motoristas e cobradores reclamam que, desde dezembro de 2012, os pagamentos têm acontecido com algum atraso. 

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