Greenpeace considera COP8 um fracasso

Os resultados alcançados durante a 8.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8) foram considerados como fracassos pela organização não governamental Greenpeace. Para Martin Kaiser, assessor da entidade em nível internacional para as florestas, foi perdida uma grande oportunidade para estancar a perda da biodiversidade no mundo.

As negociações falharam quanto ao combate da biopirataria, dando mais tempo à indústria farmacêutica internacional conseguir patentes sobre recursos da biodiversidade. ?A ministra brasileira de Meio Ambiente, Marina Silva, presidente da COP, havia pedido no início da reunião que se acordasse algo nesse sentido, mas Austrália, Nova Zelândia e Canadá bloquearam qualquer avanço?, sinalizou.

O coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, contou que as discussões sobre acesso e repartição de benefícios simplesmente fracassaram. ?É um tema extremamente importante, com um resultado pífio até agora?, comentou.

Ele acredita que não houve qualquer avanço nas discussões para o financiamento de áreas protegidas. Na última COP, realizada em Kuala Lumpur, existiu um trabalho mais forte quanto a isso. ?Agora, é um resultado mais fraco do que há dois anos. Os países membros foram convidados a participar disso e não foram mais pressionados, como aconteceu em Kuala Lumpur?, afirmou.

Seriam necessários US$ 25 bilhões por ano para financiar a implementação de áreas protegidas no mundo. Não há previsão se esse fundo internacional será realmente criado. ?O presidente Lula poderia ter levado essa discussão para mais longe. O Brasil, por hospedar o evento e por ter feito a lição de casa, tinha que falar mais grosso, exigindo uma posição dos países ricos e em desenvolvimento. O Brasil miou como um gato?, concluiu. Os dois únicos pontos positivos destacados pela entidade foram a provável rejeição das sementes terminator e as discussões sobre as árvores transgênicas.

Os integrantes do Greenpeace dizem que o planeta não pode esperar mais por decisões efetivas. As negociações vão sendo adiadas, o que pode prejudicar o cumprimento da meta de redução da perda da biodiversidade até 2010. ?As metas estão seriamente comprometidas. É pouco provável que se consiga isso, mesmo sendo um acordo fixado pelos próprios países. Os debates são polarizados entre os hemisférios Norte e Sul. Só se discute o que é bom dentro de suas fronteiras. Neste debate, no qual se misturam interesses nacionais e corporativos, é a biodiversidade que sai perdendo?, analisou Adário.

Bola murcha

O prêmio final Bola Murcha, dado às nações que tiveram atuações negativas durante a COP, foi dado ao trio Canadá, Nova Zelândia e Austrália, além dos Estados Unidos, que não fazem parte da convenção, mas são considerados os mentores intelectuais das ações dos três países. Eles bloquearam as negociações sobre acesso a recursos genéticos e repartição de benefícios e sobre o reconhecimento da Convenção sobre Diversidade Biológica em identificar as reservas marinhas em águas internacionais. (FC)

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