Governo vai testar máquinas de camisinha

O Ministério da Saúde testará este ano as primeiras máquinas de ?fornecimento? de camisinhas em escolas públicas do País. Lançada há cerca de um ano, a idéia das máquinas, semelhantes às de refrigerantes, foi concretizada por meio da criatividade de estudantes brasileiros e, depois dos testes, deve ser produzida em larga escala. As escolas paranaenses, por enquanto, não entram nessa fase de testes; porém, no final deste ano, quando o acesso ao equipamento for estendido a todas as escolas que participam do projeto Saúde e Prevenção na Escola (SPE), os estabelecimentos do Estado poderão solicitá-lo.

Segundo a consultora técnica do programa nacional DST/Aids do ministério, Ellen Zita, disponibilizar os preservativos nas escolas é uma forma de complementar o que hoje já é feito nas unidades de saúde. ?É uma política pública que queremos fortalecer, ampliando o acesso. Não basta dar informação se não fornecer o insumo, é preciso uma ação completa?, explica.

Neste ponto, entra em cena a educação sexual. A consultora assegura que o fornecimento não será desvinculado da informação: ?Para receber a máquina, a escola não pode estar fora do vínculo do SPE?. O projeto aborda temas como vulnerabilidade e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência e diversidade sexual, tendo como pano de fundo os direitos sexuais, e é viabilizado em cada estado por um grupo gestor local, nomeado pelas Secretarias de Educação.

A fase de testes, que começará nos próximos meses, deve contemplar pelo menos cem máquinas distribuídas em escolas das regiões onde vivem os estudantes que desenvolveram os projetos vencedores – eles fazem parte do quadro de alunos do Cefet. Por isso, o Paraná ainda não entra nessa parte, já que os três primeiros lugares ficaram para as escolas de Santa Catarina, Paraíba e Rio de Janeiro.

Mesmo assim, a partir do ano que vem, Ellen Zita acredita que o Estado terá boa adesão ao equipamento: ?O Paraná é um estado bastante estruturado com relação às políticas públicas nacionais voltadas à saúde sexual e reprodutiva?. As solicitações, porém, deverão ser feitas por cada escola individualmente, destaca a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Na capital, 35 escolas participam do projeto do ministério.

Prevenção

O professor titular de Reprodução Humana da Universidade Federal do Paraná, Rosires Pereira de Andrade, concorda com a instalação das máquinas de camisinhas nas escolas. ?Os adolescentes de hoje estão tendo vida sexual precocemente e não vejo nenhuma maneira de evitar que isso aconteça?, expõe.

Dessa forma, o melhor ?remédio? seria a prevenção, desde que venha acompanhada de orientação. ?Escola com camisinha é bom, mas é preciso ter quem oriente sobre a sexualidade; nada religioso ou proibitivo, mas visando à felicidade?, defende o médico, que diz não ver nas máquinas um estímulo à iniciação sexual precoce: ?O que estimula a sexualidade é a vida que a gente leva hoje, com muita liberdade?, enfatiza. 

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