Governo paraguaio vai pedir retirada de cônsul brasileiro

O governo do Paraguai deverá pedir a retirada do cônsul brasileiro em Ciudad del Este, Fernando Antônio Cruz de Mello, que na última sexta-feira, em telefonema ao prefeito da cidade, Javier Zacarías Irún, teria acusado o Paraguai de incentivar o contrabando e a pirataria e ameaçado baixar de US$ 300 para US$ 150 a cota individual de compras naquele país.

O pedido de remoção está sendo analisado pela chanceler Leila Rachid e foi feito por Irún. Uma fonte da chancelaria paraguaia disse que a ministra deverá se pronunciar amanhã sobre o pedido e que a "tendência" é acatá-lo. Cruz de Mello poderá se livrar da remoção, mas dificilmente escapará de uma punição: o vereador Nelson Aguinaga lde propôs que lhe seja concedido o título de "persona non grata".

O pedido de remoção do cônsul foi feito informalmente durante a reunião entre representantes dos governos paraguaio e brasileiro que começou ontem à tarde e só deve ser finalizada hoje, no Itamaraty. O encontro foi solicitado pelos paraguaios para tentar encontrar uma solução para os conflitos que tiveram início há cerca de duas semanas na Ponte da Amizade por causa das apreensões da Receita Federal de táxis e vans que transportavam mercadorias contrabandeadas.

Além do prefeito de Ciudad del Este, a comissão foi formada ainda pelo vice-chanceler Emilio Giménez Franco, o vice-ministro de Tributação, Andreas Neufeld, e a diretora nacional de Aduanas, Margarita Díaz de Vivar. Pelo lado brasileiro participaram representantes da Receita Federal, o subsecretário para América do Sul do Ministério das Relações exteriores, José Eduardo Martins Felício, e o deputado federal Dilto Vitorassi.

O governo brasileiro cobra dos paraguaios o cumprimento do acordo de 1.º de abril do ano passado, que permitiu a retomada da cota de importação. A Prefeitura de Ciudad del Este contabilizou até o final da tarde de ontem que cerca de mil caminhões e 60 contêineres deixaram de cruzar a Ponte da Amizade desde que ela voltou a ser bloqueada, às 6h de segunda-feira. Caso não haja acordo, a via continuará fechada indefinidamente. 

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