Governo desocupa área pacificamente em Uniflor

O governo do Estado promoveu na manhã de ontem a desocupação pacífica da fazenda Pitanga, em Uniflor (a 49 km de Maringá, no Noroeste do Estado). A entrada da propriedade foi ocupada por cerca de 160 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) na noite da última terça-feira.

“Foi determinado ontem (anteontem) que se efetivasse a desocupação da Fazenda Pitanga. Foi um brilhante trabalho de negociação da PM do Paraná”, destacou o secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari.

De acordo com o major Palmas, que coordenou as negociações com os líderes do MST, todos os sem-terra deixaram a fazenda de forma espontânea e pacífica. Na noite de quinta-feira, um grupo de encapuzados invadiu o acampamento, tentando intimidar os sem-terra a tiros. Um dos acampados foi ferido e está hospitalizado. Para evitar possíveis conflitos na área, o governo enviou a Polícia Militar para efetuar a reintegração de posse, já determinada pela Justiça.

“Tudo foi feito às claras, por meio do diálogo e sem a necessidade do uso de força policial. O processo foi acompanhado pela imprensa, por membros do Judiciário e do Ministério Público”, observou Delazari, sublinhando as ordens do governador do Estado, Roberto Requião.

Na operação foram utilizados cerca de 250 policiais militares e um grupo deles permanecerá no local para evitar nova invasão e garantir a segurança tanto dos sem-terra como dos proprietários rurais. Paralelamente, serão feitas buscas por armamentos nas residências da região, com base no mandado de busca e apreensão expedido pela juíza da comarca de Nova Esperança, da qual faz parte Uniflor.

Ministros

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, voltou a reiterar ontem que o governo federal não vai tolerar quaisquer atos que permitam a violência no campo. “Estamos atentos às movimentações de sem-terra e fazendeiros nas regiões de tensão de conflito”, disse o ministro. Bastos recebeu da Polícia Federal (PF) no final da manhã o primeiro relatório oficial sobre o incidente em Uniflor.

A PF está investigando o atentado. Conforme o ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rosseto, o governo federal não pretende aceitar a ampliação da violência no campo brasileiro. “Não vamos permitir que essas ações irresponsáveis, ilegais e localizadas se expandam”, garantiu. Para Rosseto, normalmente os crimes ocorridos no campo têm relação com o contrabando de armas.

MST e ONG pedem investigação

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e a ONG Terra de Direitos protocolaram ontem no Ministério Público Estadual, em Curitiba, pedido para que seja investigada a ação de pistoleiros encapuzados que atiraram contra os sem-terra que estavam num acampamento próximo às fazendas Pitanga e Roma, no município de Uniflor, na noite de quinta-feira. O advogado da Terra de Direitos, Darci Frigo, contou que durante a tarde o líder da União Democrática Ruralista (UDR), Marcos Prochet, esteve na Fazenda Pitanga. “Por volta de 19h30 aconteceram os disparos. Por isso fizemos uma solicitação de investigação especial sobre ele e a UDR”, destacou o advogado.

O trabalhador sem-terra Emílio José Teixeira foi ferido com três tiros. Na manhã de ontem foi operado no Hospital Universitário de Maringá e não corre mais risco de morte, segundo Frigo. O advogado disse que foram vários disparos contra o acampamento. “Foi um milagre não te acontecido um massacre. Por isso estamos nos manifestando. Se não houver ações claras essas situações podem se repetir”, disse, destacando que um ofício também foi mandado ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

Frigo lembrou que Prochet é acusado de ser o autor da morte do trabalhador Sebastião Camargo, em Marilena, no ano de 1998. Outras mortes de sem-terra também são imputadas pelo MST à UDR.

A reportagem não encontrou Prochet para rebater a denúncias, pois seu telefone celular permaneceu desligado durante todo o dia. (Lawrence Manoel))

Alckmin manda desarmar Pontal

Pirapora do Bom Jesus 

? O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem que as polícias Militar e Civil vão atuar conjuntamente na região do Pontal do Paranapanema para buscar e coibir o uso de armas ilegais por milícias formadas por alguns fazendeiros da região e até mesmo por pessoas ligadas aos movimentos de sem-terra. Segundo ele, essa é uma medida preventiva para evitar que as pessoas se armem e que haja conflito na região. A medida vai resultar no reforço do contingente das polícias Civil e Militar na região do Pontal.

Alckmin confirmou que a Polícia Federal também já está atuando na região e a polícia estadual deve procurar agir em conjunto com os federais. O comando da PM na região já determinou a realização de blitze nas rodovias para tentar interceptar o transporte de armas.

A força-tarefa, que reúne as polícias Federal, Militar e Civil da região, vai tentar identificar e prender os integrantes da milícia de um fazendeiro do Pontal, mostrada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Rainha

Sobre a proposta do líder dos sem-terra no Pontal, José Rainha, de que seja feita uma ampla negociação envolvendo todos os níveis de governo, ruralistas e a Igreja para resolver o conflito na região, o governador disse que o Estado já conversa com ambos os lados – sem-terra e produtores rurais – da mesma forma. “O secretário de Justiça tem conversado com os sem-terra, produtores rurais e os prefeitos da região do Pontal e trata todos de forma equivalente”, afirmou. “Queremos resolver o problema e realizar a reforma agrária para o bem da população.” Alckmin relembrou que o Estado está finalizando o projeto de regularização fundiária do Pontal do Paranapanema e que o documento deve ser enviado à Assembléia Legislativa ainda este mês.

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