Golpe da lista telefônica preocupa anunciantes

O representante comercial de uma distribuidora de telhas com sede em Curitiba, João Carlos Falcão, costuma anunciar o nome de sua empresa em lista telefônica. Há três meses, ele recebeu uma ligação de um rapaz que se dizia funcionário da empresa responsável pela lista propondo uma renovação do anúncio. Por telefone, o rapaz pediu dados cadastrais da distribuidora e, dias depois, enviou cobrança através de boleto bancário. Desconfiado, João ligou para a empresa fabricante da lista e descobriu que a mesma não havia emitido cobrança alguma por renovação de serviço. Tudo não passava de um golpe.

João, por suspeitar da fraude, não efetuou o pagamento do boleto recebido. Porém, muitas pessoas que não tiveram a mesma atenção já foram vítimas de prejuízos financeiros pela ação dos golpistas, cuja atuação vem crescendo com grande intensidade em diversas regiões do País. Do início do ano até agora, só a empresa Editel – uma das responsáveis pela circulação de catálogos telefônicos em território nacional – já recebeu cerca de 900 reclamações de clientes relativas a tentativas de golpe, sendo 345 só no último mês de julho.

Segundo o superintendente de marketing da empresa, Maurício Pacheco, os procedimentos dos golpistas geralmente são os mesmos aplicados no caso do representante comercial. “Eles ligam para o cliente da lista, pedem dados como CNPJ e razão social e muitas vezes oferecem descontos e vantagens. Depois, enviam uma cobrança por renovação de anúncio”, explica. “Muitas pessoas pagam, descobrem que foram enganadas e se arrependem.”

Em alguns boletos, na tentativa de confundir os clientes, os autores do golpe colocam nomes parecidos com os de empresas responsáveis por listas telefônicas e até um xerox de anúncios já publicados. Na maioria das vezes, quando os clientes vão verificar, a empresa descrita no boleto não possui endereço constituído, telefone nem mesmo CNPJ. “Para alertar nossos clientes sobre o golpe, estamos enviando cartas de esclarecimento, onde explicamos quais são nossos procedimentos para renovação de anúncio. Os novos clientes recebem um manual de prevenção no momento do fechamento do acordo”, conta Maurício. “Orientamos as pessoas que, em caso de dúvida, sempre procurem a empresa responsável pela lista e não façam o pagamento.”

Procon

De 1.º de janeiro ao último dia 8, o Procon-PR fez 474 atendimentos (reclamações, informações e orientações) relativas a anúncios e classificados em listas telefônicas. As três queixas principais foram: serviço não solicitado (117 casos), cancelamento de contrato (88) e cobrança indevida (68). “O golpe da lista telefônica é considerado crime de estelionato. Por isso, aconselhamos as pessoas a, além de procurarem o Procon, procurarem a Delegacia de Estelionato”, informa a advogada do Procon-PR, Elizandra Pareja.

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