Uma ferramenta de auxílio no cumprimento da compensação por danos ambientais de obras com esse tipo de impacto, previsto em lei, foi lançada ontem, em Curitiba. Trata-se do Fundo Nacional de Compensação Ambiental, que vai concentrar os recursos vindos de empresas que se enquadram nesta situação. O dinheiro será aplicado na criação, manutenção e implementação de Unidades de Conservação (UCs), como parques, reservas e estações ecológicas. O lançamento aconteceu durante a reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), no Museu Oscar Niemeyer, e contou com a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

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 A compensação ambiental foi instituída pela Lei 9.985/2000 e determina que os responsáveis por empreendimentos de significativo impacto no meio ambiente – e que necessitem de licenciamento ambiental – devem investir em UCs, como contrapartida. O valor é calculado conforme os danos ambientais, não podendo ser inferior a 0,5% do total de investimentos da obra.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) determina como e onde os empreendedores devem gastar os recursos. Até agora, as empresas eram responsáveis pela execução dos serviços. ?Esse mecanismo ficava na dependência do ritmo e da vontade da empresa, sem qualquer previsibilidade de execução. O fundo é inovador, pois vai receber esses recursos e gerar rentabilidade. Além disso, vai haver transparência em todo o processo. O grande objetivo é reduzir o tempo gasto na execução dos serviços nas unidades de conservação?, explica Valmir Ortega, diretor de ecossistemas do Ibama. Toda a gerência do fundo ficará a cargo da Caixa Econômica Federal.

O Ibama continuará determinando às empresas quais serão os valores e onde serão empregados, mas vai adotar os pregões eletrônicos de licitação, realizados por meio da Caixa, para contratar os serviços e realizar compras. Normalmente, as verbas são destinadas aos biomas afetados pelo empreendimento. A maior parte dos R$ 300 milhões de recursos previstos em termos de compromisso firmados entre Ibama e empreendedores no ano passado deve migrar para o novo sistema. A adesão para o Fundo Nacional de Compensação Ambiental é voluntária.

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A ministra Marina Silva disse estar muito contente com a criação do mecanismo. Ela acrescenta que parte dos recursos do fundo será destinada à regularização fundiária, um dos maiores problemas na criação das unidades de conservação por envolver indenizações. A outra parte do fundo será usada na estruturação e implantação de UCs. ?Para as empresas, o benefício é duplo. Vão estar cumprindo a lei e ainda podem associar sua imagem àquelas áreas preservadas na ação socioambiental em curso. O fundo vai tornar o processo mais transparente, eficiente e ágil?, opina.

Via Campesina protesta em frente ao ExpoTrade

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Cerca de 1,5 mil integrantes da Via Campesina, composta por movimentos sociais, realizaram uma manifestação ontem pela manhã em frente ao Centro de Convenções ExpoTrade Pinhais, onde acontece a 3.ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP3). Eles pediam a implantação imediata da identificação com a expressão ?contém? nas cargas de Organismos Vivos Modificados (OVMs).

Os manifestantes caminharam pela principal rua de acesso ao local do evento da ONU, deixando o trânsito lento na região e dificultando o acesso dos participantes da reunião no meio da manhã. A passagem das 1,5 mil pessoas bloqueou algumas ruas de Pinhais. Policiais militares tentaram intervir, mas não conseguiram segurar o movimento. O grupo se concentrou em uma das entradas para o centro de convenções. O objetivo da Via Campesina era alertar as delegações presentes na MOP3 sobre os possíveis prejuízos que os transgênicos trazem para os agricultores e a população em geral.

Os manifestantes repudiam o período de quatro anos para que os setores de produção e comercialização se adaptem às regras de segregação e identificação das cargas transgênicas. ?Houve um avanço na posição brasileira, mas queremos que o ?contém? entre em vigor já. Daqui a quatro anos, não será possível reverter a contaminação que acontecerá com os transgênicos?, afirma Eduardo Zen, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que integra a Via Campesina. ?Toda a história dos transgênicos tem sido de transgressão. O governo brasileiro deve ter uma posição mais firme?, comenta. (JC)